ATA DA NONAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 13-11-2002.

 


Aos treze dias do mês de novembro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum e Raul Carrion. Ainda, durante a presente Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Fernando Záchia, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Nonagésima Terceira, Nonagésima Quarta e Nonagésima Quinta Sessões Ordinárias, que deixaram de ser votadas face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Cassiá Carpes, o Projeto de Lei do Legislativo nº 211/02 (Processo nº 3330/02); pelo Vereador João Antonio Dib, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 08 Pedidos de Providências; pelo Vereador Nereu D'Avila, assinada pelo Vereador Isaac Ainhorn, Líder da Bancada do PDT, a Subemenda nº 01 à Emenda nº 01, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 225/01 (Processo nº 3204/01); pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 633, 640 e 641/02, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, aos Senhores Carlos Roberto Comasseto, Coordenador do Fórum de Planejamento da Região 8 do Conselho Municipal do Plano Diretor, e Antônio Alberto de Melo Bertaco, que se manifestaram acerca de proposta de autoria do Executivo Municipal, relativa ao tratamento tributário a ser dispensado às áreas definidas como rururbanas pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental - PDDUA. Nesse sentido, relatou os debates realizados pelo referido Fórum, apontando a necessidade de aprovação de uma proposta que contemple os interesses da comunidade local. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, Clênia Maranhão, Cassiá Carpes, Luiz Braz, Sebastião Melo, Marcelo Danéris e Raul Carrion manifestaram-se sobre o tema abordado durante a Tribuna Popular. Também, o Senhor Presidente registrou que o Vereador Beto Moesch se encontra representando externamente este Legislativo no XXXVII Encontro Estadual de Vereadores, Assessores Servidores e Técnicos Legislativos de Câmaras do Rio Grande do Sul. Às quatorze horas e cinqüenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e três minutos, constatada a existência de quórum. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 196/02, discutido pelo Vereador Adeli Sell, 209 e 205/02, este discutido pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 017/02, discutido pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei do Executivo nº 068/02, o Projeto de Resolução nº 103/02, discutido pela Vereadora Sofia Cavedon; em 2ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/01, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 197, 198, 200 e 201, os Projetos de Resolução nºs 105, 106, 108, 107 e 109/02, os dois últimos discutidos pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, os Projetos de Lei do Executivo nºs 070, 071, 072 e 073/02, este discutido pelo Vereador João Antonio Dib; em 3ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 104/02, o Projeto de Lei do Legislativo nº 199/02; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 101/02. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo reportou-se a matéria publicada no jornal Zero Hora de onze de novembro do corrente, a qual afirmava que um caminhão, a serviço do Departamento Municipal de Esgotos Pluviais - DEP, estava realizando o transporte da mobília do comitê eleitoral do Senhor Alessandro Barcelos, candidato a cargo eletivo pelo Partido dos Trabalhadores durante as últimas eleições, registrando ter protocolado Pedido de Informações sobre o assunto. O Vereador Marcelo Danéris contraditou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Sebastião Melo, informando que o referido caminhão não é de propriedade do DEP, mas de uma empresa que presta serviços ao referido órgão. Quanto ao assunto, afirmou que o serviço de transporte da mobília do comitê eleitoral do Senhor Alessandro Barcelos foi realizado em horário distinto àquele contratado para a prestação de serviços ao DEP. O Vereador Carlos Alberto Garcia procedeu à leitura de mensagem enviada pelo Senhor Airto Ferronato, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Esgotos Pluviais - DEP, na qual Sua Senhoria esclarece que o transporte da mobília do comitê de campanha do Senhor Alessandro Barcelos, por caminhão contratado por esse órgão, ocorreu em horário posterior àquele em que o mesmo presta serviços ao DEP e que expediu Ofício às empresas contratadas, para que não repitam esse procedimento. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença dos alunos Alcides de Borba Gonçalves, Roberta Prylucki da Silva, Caroline Leal Segabinazzi e Amanda Ruzzante, do Curso de Administração de Empresas da Faculdade São Judas Tadeu, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial da Casa junto a escolas e entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão registrou o início, no dia de hoje, das atividades promovidas por este Legislativo, alusivas à Semana da Consciência Negra, destacando a importância das mesmas para que a sociedade possa refletir sobre a contribuição prestada pelos afro-descendentes à cultura brasileira. Também, manifestou-se sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 056/02, de autoria de Sua Excelência, que institui o Programa de Educação Adicional aos Afro-Descendentes de baixa renda. O Vereador Cassiá Carpes, rememorando compromissos proferidos pelo Senhor Tarso Genro enquanto exerceu o cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre, tais como a revitalização do Centro da Cidade, a instalação de serviço de monitoramento das ruas através de câmeras de vídeo nesse Bairro e a implementação da Secretaria Municipal de Segurança, questionou a não-realização dessas medidas. O Vereador Isaac Ainhorn, asseverando que as inquietações da população porto-alegrense são objetos de interesse desta Casa, informou que tramita matéria no Executivo Municipal, relativa à cessão de área pública localizada no Parque Arvoredo, no Bairro Jardim Planalto. Também, questionou a destinação da área que, segundo Sua Excelência, deverá alojar sede da Associação dos Trabalhadores do Ensino de Porto Alegre – ATEMPA. O Vereador Luiz Braz, citando propaganda veiculada nos meios de comunicação local e de responsabilidade do Executivo Municipal, na qual Porto Alegre é caracterizada como uma cidade que apresenta excelente qualidade de vida, narrou visita realizada por Sua Excelência à Vila Maria da Conceição, denunciando tratar-se de área de extrema pobreza, com zonas dominadas pelo tráfico de drogas e que o posto de saúde local funciona apenas até as dezessete horas e trinta minutos. O Vereador João Antonio Dib, citando matéria publicada na edição de ontem do Jornal do Comércio, assinado pela Senhora Helena Bonumá, Secretária do Governo Municipal, relativo à comemoração da criação da Guarda Municipal, questionou a implementação das ações que promoveriam a revitalização da área Central da Cidade de Porto Alegre. Ainda, afirmou que a instalação do sistema de monitoramento através de câmeras de vídeo inibiria roubos e furtos no Centro da Cidade. O Vereador Haroldo de Souza perquiriu a não-regulamentação de legislação aprovada por este Legislativo, mencionando a lei que trata do disciplinamento do passeio de cães e animais nos parques e praças públicas e a lei que trata da implantação dos restaurantes populares. Ainda, defendeu a aprovação de Projeto de Lei de autoria do Vereador João Bosco Vaz, que destina a arrecadação da venda de ingressos e camarotes do carnaval para a Associação das Entidades Carnavalescas. O Vereador Raul Carrion, registrando a abertura da Semana da Consciência Negra, comunicou a intenção de Sua Excelência de apresentar Projeto de Lei que denomine Largo Zumbi dos Palmares a área conhecida como Largo da EPATUR e com denominação não-regulamentada. Ainda, referiu-se ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 197/02, que dispõe sobre a preservação do patrimônio histórico e cultural de origem africana no Município de Porto Alegre. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador João Bosco Vaz, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, foi apregoada a Emenda n° 01, proposta pelo Vereador Sebastião Melo e assinada pelo Vereador Fernando Záchia, Líder da Bancada do PMDB, ao Projeto de Lei do Legislativo n° 064/01 (Processo n° 1408/01). Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n° 064/01, com ressalva da Emenda n° 01 a ele aposta, por dezenove votos SIM e sete votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores João Bosco Vaz, Dr. Goulart, Cassiá Carpes, Elói Guimarães, Luiz Braz, Adeli Sell, Marcelo Danéris e Sebastião Melo, em votação nominal solicitada pelo Vereador Aldacir Oliboni, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion e Sebastião Melo e Não os Vereadores Adeli Sell, Carlos Pestana, Estilac Xavier, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste e Sofia Cavedon. Após, foi aprovada a Emenda n° 01, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo n° 064/01. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 006/02. Na ocasião, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Sebastião Melo e Marcelo Danéris, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca dos trabalhos da presente Sessão. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo n° 142/01, com Substitutivo n° 01, que foi discutido pelos Vereadores Ervino Besson, Sebastião Melo, Marcelo Danéris e Juarez Pinheiro. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 142/01, os Vereadores Fernando Záchia e Maria Celeste cederam seus tempos de discussão, respectivamente aos Vereadores Sebastião Melo e Juarez Pinheiro. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Raul Carrion, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n° 115/01 (Processo n° 1989/01) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. Também, foi apregoado o Ofício n° 688/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei do Legislativo n° 057/02 (Processo n° 1225/02). Às dezessete horas e quarenta e três minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Paulo Brum e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Carlos Roberto Comassetto, Coordenador do Fórum de Planejamento da Região 8 do Conselho Municipal do Plano Diretor, está com a palavra para tratar de assunto relativo ao IPTU rural e ecológico.

 

O SR. CARLOS ROBERTO COMASSETTO: Cumprimentando o Ver. Garcia, na presidência dos trabalhos, cumprimento todos os Vereadores desta Casa. Estamos aqui novamente com esse tema da tributação sobre a zona rururbana de Porto Alegre, porque este tema, desde a aprovação do Plano Diretor até hoje, é um tema que estamos construindo, e queremos que ele se torne realidade.

O Fórum de Planejamento do Região 8, que aqui represento, é composto de trinta entidades, desde o Sindicato da Indústria da Construção Civil até associações comunitárias, no caso específico da Região 8, que abrange desde a Extrema até a Restinga. Nós discutimos incessantemente esse tema no Fórum, e, no ano passado, construímos uma proposição, que deveria ter sido votada, e realizamos aquele evento chamado “tratoraço”. Viemos até esta Casa, onde fomos acolhidos; trouxemos nossa proposta. Foi retirado o Projeto, e estamos retornando com esse tema da tributação sobre a área rarefeita, mais especificamente sobre as áreas de produção primária e sobre as áreas de preservação do ambiente natural. E esse tema foi muito debatido na constituição do atual Plano Diretor, com diversos pontos de vista, com diversas interpretações conceituais.

O nosso Fórum realizou, nesses dois anos, setenta e cinco reuniões, todas as quintas-feiras, no Aeroclube, para as quais convidamos todos os Vereadores desta Casa que quiserem se fazer presente nas nossas discussões, inclusive com algum tema específico.

Essas trinta entidades trazem, novamente, a carta que estamos distribuindo aos Srs. Vereadores, pedindo urgência na votação desse Projeto. Por que a urgência? Porque todas as propriedades que estão inseridas dentro da área de produção primária e da área de preservação ambiental - trouxemos este mapa que está aqui na frente -, tudo o que está aqui em laranja e em verde é atingido por essa legislação. Isso significa aproximadamente 60% do território de Porto Alegre. A abrangência que tem essa legislação atinge a categoria dos produtores rurais, que hoje está num vácuo.

Não tem uma tributação, que era o ITR, porque hoje a legislação remeteu isso ao Município e, ao mesmo tempo, não foi aprovada a nova legislação. Portanto, essa legislação vai trazer benefício aos produtores rurais como um todo, e nós construímos isso junto - quero salientar aqui - com a Secretaria da Fazenda, com a Secretaria Municipal do Planejamento e com a SMIC, e as propriedades com até 30 hectares serão isentas da tributação; as acima de 30 hectares receberão a menor alíquota que seria do ITR. Para as propriedades de preservação ambiental, que se enquadram em qualquer uma das legislações federais, estaduais, ou num Plano Diretor, que é tudo que está em verde, comprovando que farão a preservação ambiental, também receberão isenção tributária.

Diante dessa construção que fizemos, diante da situação que está colocada, diante de uma afirmação do ponto de vista de conteúdo tributário e de conteúdo de uma proposição para quem produz, nós entendemos e gostaríamos muito que essa legislação entrasse em vigor o mais rápido possível para, no próximo ano, todas as propriedades de produção primária já se enquadrem na nova legislação e todas as propriedades de preservação ambiental que assim quiserem também se cadastrarem para tal e receberem esse incentivo fiscal.

Já temos construído com as 30 entidades, e dentro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, em conjunto com a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio e da Fazenda, assim que for aprovada essa legislação, caso isso aconteça, desencadearemos o processo de cadastramento de todos os produtores para poder receber o benefício por essa atividade.

A nossa vinda, hoje, aqui, representando o Fórum de Planejamento, é no sentido de concluirmos mais uma etapa do processo que iniciou com a aprovação do Plano Diretor, que esperamos, ainda neste ano, seja concluído, para que possamos passar para uma parte pró-ativa do processo, aplicando, na prática, a legislação a ser aprovada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Convidamos o Sr. Carlos Roberto Comassetto a fazer parte da Mesa.

O Sr. Antônio Alberto de Melo Bertaco está com a palavra.

 

O SR. ANTÔNIO ALBERTO DE MELO BERTACO: Ver. Garcia, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores, boa-tarde. Vou levantar aqui alguns dados sobre a questão do território do Município de Porto Alegre, onde temos uma área em torno de 45 mil ha, sendo que 15 mil ha eram pertencentes à área rural. Desses 15 mil, englobando o Sindicato Rural e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais - e eu sou também representante do Sindicato Rural -, em torno de três mil propriedades são produtivas.

O que nós colocamos, também, é que existe em Porto Alegre, pelos dados do INCRA, cerca de mil e cinqüenta imóveis, propriedades rurais, e o que há hoje cadastrado na Prefeitura são cerca de cento e trinta imóveis que passaram do ITR para a Legislação Municipal, mas com relação ao que vem ocorrendo, eu queria colocar aqui alguns dados de preocupação no sentido de que produtores que entraram com cadastro no Município de Porto Alegre estão sofrendo cobranças por parte da Secretaria da Fazenda, de 1997 e 1998. Inclusive, eu trago aqui uma preocupação muito urgente, no sentido de que os Vereadores ou o Poder Executivo reveja essa questão, porque estão tramitando nas Varas da Fazenda Pública processos contra produtores rurais que realmente são produtivos e que têm audiência agora, praticamente, nos próximos dias.

E o que nos preocupa muito... Poderia citar um produtor, eu estava presente quando o Oficial de Justiça levou para ele uma cobrança, uma execução de 18 mil reais de um imóvel, 3 mil reais de outro imóvel e 1 mil e 900 reais de um outro imóvel; ele tem três imóveis, a família é composta por ele e cinco irmãos. Essa questão nos preocupa muito, e gostaríamos que os Vereadores intercedessem, enquanto há esse vácuo na legislação.

Nós entendemos que o enquadramento pela legislação da Constituição, o enquadramento urbano do território já existe no Plano Diretor, que foi aprovado e não podemos relutar quanto àquilo que já foi decidido no Plano Diretor. Mas gostaria também de relembrar que o Movimento Sindical, que são os sindicatos, também têm uma contribuição que recebia do ITR; hoje, recebe através de contribuição sindical, e os Vereadores deveriam nos auxiliar a estudar uma forma de mantermos essas entidades abertas.

Outra questão que eu vejo como importante é que essa burocracia que existe nos diversos órgãos do Município deve ser facilitada para que se reconheça, de imediato, já que existe um vácuo, os aposentados, as pessoas que querem se aposentar, as pessoas que estão pedindo auxílio-doença, e não existe ainda; são rejeitadas no balcão porque não apresentam ITR daquelas propriedades que já passaram para IPTU.

Então, isso aí é uma questão que o Município pode fornecer, mas já deveria estar acontecendo isso. Não poderiam estar acontecendo execuções judiciais para pessoas que optaram, quando foi sancionado aqui o Plano Diretor e que optaram - eu até acho que apenas cento e trinta propriedades se cadastraram junto ao Município; então, os problemas não são tão grandes. Mas estão ocorrendo essas dificuldades.

Eu, só para encerrar, gostaria de dizer que as propriedades rurais de Porto Alegre são bastante diversificadas. Nós temos uma produção de frutas, de verduras. Nós temos em Porto Alegre uma enorme gama de atividades produtivas, Sr. Presidente.

Gostaria também, neste momento, de convidar todos os Vereadores, todos os ouvintes, a imprensa, para que nos prestigiem aos sábados e domingos de novembro, nesse feriado, na nossa 18.ª Festa do Pêssego, na Vila Nova, que é uma tradição do Município, uma festa oficial do Município de Porto Alegre e muito nos orgulhará a presença dos senhores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Obrigado, Sr. Antônio Bertaco. Por gentileza, queira-nos acompanhar aqui na Mesa.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Antes de mais nada, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero cumprimentar o Sr. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porto Alegre pela presença, nosso querido amigo Bertaco; cumprimentar o Dr. Comassetto, que representa o Fórum do Planejamento; igualmente, o Presidente do Sindicato Rural de Guaíba, ele é aqui de Porto Alegre, o Sr. Betio, que está presente, também, e queremos externar uma posição que, se ainda não fechada, se encaminha para o fechamento dentro do PDT. Entendemos que a forma como a Administração de Porto Alegre tem tratado esses assuntos é absolutamente inconveniente, conquanto o Sr. Prefeito eleito em 2000, no dia 15 de janeiro de 2002, fez uma manifestação dizendo que no primeiro dia do início da Sessão Legislativa Municipal, ou seja, no dia 15 de fevereiro, encaminharia Projeto de Lei sobre a questão do IPTU para que os Vereadores não pretextassem - foi expressão dele, de preconceito inclusive com o Legislativo - que não teriam tempo para debater a matéria.

Infelizmente, ela só veio para cá no dia 30 de setembro; matéria complexa, inclusive da área rural, onde foi implantado o rururbano, que eu achava até que era um instrumento importante, porque não podemos negar o processo de desenvolvimento urbano, que se estende em direção à Restinga e, no entanto, os malefícios causados por esse trabalho, Comassetto - recordo que estavas aqui assessorando a Bancada do PT com essa matéria -, foram muito grandes, até porque as repercussões estão aí, com os trabalhadores rurais tendo ações judiciais de execução.

De outro lado, a dificuldade de pessoas que têm condições de pleitear a aposentadoria de não conseguirem juntar os documentos necessários; tudo isso com repercussões graves. Há casos de áreas que se encontram nessa chamada área rural, que não é mais área rural, em que o IPTU deverá aumentar para 300 a 400%; há casos de verdadeiro confisco, e mais essa caixa-preta, não podemos tolerar!

Queremos um debate sério com a sociedade civil, mas não um debate de dois ou três dias; queremos iniciar um fórum de debates nesta Casa no dia 15 de fevereiro e aprovar uma lei tributária para a Cidade, de matéria predial e territorial, justa e equânime. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ilustres palestrantes, sou daqueles que acredita que a lei jurada deve ser cumprida. A Lei Orgânica do Município é clara, precisa e concisa no seu artigo 211, quando diz que o Plano Diretor de Desenvolvimento é peça fundamental da gestão do Município e entre outras condições deve ter determinação dos limites físicos em todo o território municipal das áreas urbanas, de expansão urbana e rurais e das reservas ambientais, e por aí vai.

Eu não entendo até hoje por que esta Casa, atendendo a ânsia de arrecadar mais para botar em CDBs, que o Município tem, aprovou, por dezessete votos contra dezesseis, a extinção do ITR. Também não entendo, nas declarações aí feitas, que a Prefeitura esteja comprovando em juízo alguma coisa nesta área, porque na proposta da Prefeitura está aqui: “Art. 3.º será constituído de remissão do imposto sobre propriedade territorial e urbana e taxa de coleta de lixo para o exercício de 2001 e 2002 aos imóveis tributados em decorrência dos arts. 26, 27 da Lei Complementar n.º 434 – Plano Diretor.”

Eu não entendo como eles querem cobrar alguma coisa, sinceramente eu não entendo! Porque, até então, pagavam ITR. Como é que eles querem cobrar? Eles querem arrancar o dinheiro! Por isso eu acho que esta Casa se posicionará corretamente. Se hoje está na Ordem do Dia, aprovar o Projeto de Lei deste Vereador que, pelo segundo ano consecutivo, está para ser votado, retornando, no Plano Diretor, a zona rural, que a Lei Orgânica, que não foi mudada, determina que ela seja parte integrante do Plano Diretor. Portanto; se nós votarmos isso, nós resolvemos todos.

E o que o Executivo está propondo em matéria de IPTU em Zona Rural ou rururbana, como eles querem, é para área territorial. Se o senhor tiver um telheiro vai pagar o predial daquele telheiro, da casa vai pagar predial, de qualquer casa. A prefeitura quer é arrecadar mais. O que nós queremos é o que o Fórum Social Mundial disse para a Prefeitura: “O campo deve servir de contenção para a expansão da zona urbana.” Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo o orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, nos termos art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, queríamos, em nome da nossa Bancada, PPS, saudar os representantes do Sindicato Rural pela presença nesta Casa. Eu acho que é extremamente preocupante a situação que os senhores trazem a esta Câmara. Recordo-me, e acompanhamos e trabalhamos muito na elaboração do Plano Diretor, quando o Projeto do Executivo tentou e conseguiu, por um voto, infelizmente, nesta Casa, extinguir a zona rural de Porto Alegre. Nós, os Vereadores, que discutimos com a assessoria técnica especializada de uma comissão que foi montada nesta Casa, prevíamos uma realidade que infelizmente começou a acontecer. Nós prevíamos que a fúria tributária do Executivo era o que tinha regido a decisão de colocar essa modificação, pondo fim à área rural de Porto Alegre.

Hoje, fico ainda muito mais preocupada quando os senhores trazem a esta tribuna uma realidade de ações judiciais de execução contra os produtores rurais do nosso Município, que já têm uma enorme dificuldade de produzir e comercializar os seus produtos a preços justos e com isso sustentar as suas famílias. Também eu acho que há outra realidade que os senhores trazem de que essa legislação, como está hoje, ainda prejudica mais as pessoas que estão buscando a sua aposentadoria. É a demonstração do fracasso da proposta que o Executivo defendeu e infelizmente venceu nesta Casa por um voto, quando trabalhávamos o Plano Diretor.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente em exercício dos trabalhos Ver. Carlos Alberto Garcia e representantes dos sindicatos rurais, nós estamos na primeira Legislatura nesta Casa, e desde então sentimos aqui algumas manobras, mas temos que voltar atrás. Por que dezessete a dezesseis? Houve uma votação. Quem errou naquela ocasião? Parece-me que agora vem outro Projeto, usei o termo aqui na tribuna, de que seria um Projeto camuflado para aumentar generalizadamente o IPTU na Capital.

Nós temos que fazer um grande estudo e ver se os senhores estão contentes com aquela transformação do ITR para IPTU, para que possamos ter um equilíbrio e conservar essa área rural numa região bem localizada na Cidade, que é a Zona Sul, que está lá, especificamente colocada, e que nós conhecemos muito bem. Também estamos sentido agora que há preocupação de uns em proteger essa área rural e há a preocupação de outros de se transformar em especulação imobiliária. Esse equilíbrio é o que não temos e precisamos buscá-lo: preservação da área rural na Zona Sul da Capital. Muito obrigado pela presença. Até nova oportunidade.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, gostaria de, inicialmente, saudar nossos visitantes. Quero dizer que quando esta Câmara tomou uma decisão, ao meu ver infeliz, de terminar com a área rural, comentávamos, naquela época, que a decisão era tomada apenas para que o IPTU pudesse ser cobrado sobre aquelas zonas. Na época, a afirmação era de que nada disso iria acontecer. Pois bem, nem passou muito tempo, chega um Projeto aqui nesta Casa, fazendo com que aquelas comunidades, que antes eram imunes através da legislação, começassem, primeiramente, a mudar de imunidade para isenção, e, posteriormente, a mudar de isenção para uma que não fosse uma isenção total, porque acaba onerando os imóveis construídos ali. Então, acredito que é extremamente irreal esse modelo, que a Prefeitura quer colocar, de tributação para a zona rural. Acho que cabe a esta Casa aprovar, com muita rapidez, uma alteração no nosso Plano Diretor, para que possamos, talvez, não retomar a mesma zona rural antiga, mas fazer um reestudo para fazer com que Porto Alegre ganhe novamente a possibilidade de ter uma zona rural, que é uma zona de preservação. Quero cumprimentar a todos aqueles que lutam a favor da recriação da zonal rural para Porto Alegre.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente Ver. Carlos Garcia, colegas Vereadores e Vereadoras, gostaria, especialmente, de fazer a nossa saudação ao Bertaco e ao nosso coordenador do Plano Diretor do Extremo Sul. Gostaria de dizer que uma matéria dessa envergadura precisa sempre ser aprofundada. Agora, é preciso resgatar algumas questões. No ano passado, veio um Processo do IPTU, no qual também estava envolvida essa questão e o IPTU progressivo. E qual foi o compromisso do Prefeito renunciante Tarso Genro? Que no início deste ano, ora em curso, mandaria um Projeto para que esta Casa pudesse discutir com profundidade essa matéria de grande envergadura para o conjunto da Cidade. Isso não foi feito. Este Projeto veio agora junto com o Orçamento para ser discutido, num tempo extremamente exíguo.

A nossa Bancada, eu e o Ver. Fernando Záchia não temos uma posição firmada sobre essa questão; agora, temos o firme propósito de que ela precisa ser aprofundada. Ela não pode ser votada dessa maneira, de afogadilho! Então, queremos discutir a matéria, porque se cometeu o equívoco de acabar com a área rural, que jamais poderia ser cometido. Esse, na nossa avaliação, foi o primeiro equívoco. E agora, traz-se um Projeto para tentar, a princípio, recuperar; fala de remissão, mas essa remissão para mim não está clara, porque tem processo na Justiça. Como é que ficam os que estão na Justiça? Como é que vai ser, como é que não vai ser; isso não está muito claro. Então, eu acho que poderíamos fazer, especialmente em relação aos impostos, respeito o processo de anualidade; eu gostaria, Ver. Marcelo, que pudéssemos encontrar um caminho.

Não se produziu nesta Casa, não foi pela falta de vontade de ninguém, um debate, nenhuma Comissão convidando esses setores. Uma coisa é o Plenário, uma coisa é a Tribuna Popular. São tempos extremamente restritivos, e eu acho que esse Projeto merece, por parte desta Casa e da sociedade, uma discussão melhor para um encaminhamento que diz respeito a centenas de milhares de pessoas que têm imóveis e para o conjunto da Cidade, porque a área rural, a devolução, a preservação ambiental diz respeito não apenas à Zona Sul de Porto Alegre, mas ao conjunto da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhores que estão representando o Sindicato Rural de Porto Alegre, na verdade este é um Projeto simples. O que parece, numa primeira impressão, é que boa parte dos Vereadores não olhou com o devido cuidado. Ele tem três partes muito claras. Primeira: isenção e incentivo ao patrimônio ambiental; segundo, incentivo à produção primária. Coloque-se aí áreas com até 30ha e acima de 30ha 0,03, que representa a mais baixa alíquota do ITR. Quarto: a zona rural proposta – se quisermos chamar de zona rural – é maior que a zona rural antiga, porque, se olharmos para o mapa, na linha marrom está marcando a antiga zona rural, que é menor que a proposta hoje de se considerar áreas da produção primária em Porto Alegre, amplia as áreas de produção primária perto da zona rural antiga, ou seja, seria um retrocesso votar à zona rural antiga; se bem que, mesmo tendo sido aprovado pela Câmara, nenhum Vereador assume a responsabilidade dessa votação, o que é impressionante.

Segundo, não há fúria tributária. É óbvio! Está-se propondo isenção para o patrimônio ambiental, está-se propondo isenção para até 30ha e remissão, como é que pode ser fúria tributária? Ou seja, sequer está conectado com relação a esse debate.

Nós achamos que a Câmara de Vereadores tem toda a condição de fazer um debate tranqüilo sobre um Projeto que não é um Projeto de alteração de alíquotas, é um Projeto que propõe, por exemplo, correção cadastral. Correção cadastral não é mudança de alíquota, é manter a mesma alíquota, é correção cadastral para aqueles que não foram atingidos pelo cadastro de 1990.

E, concluindo, Sr. Presidente, nós estamos nos colocando à disposição, a Bancada da Frente Popular, Bancada do PT, para fazer uma audiência pública, sim, reunindo todas as Comissões, todos os Vereadores.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)

 

Temos tempo, sim, e temos a responsabilidade do tempo de fazer. Podemos fazer na semana que vem essa audiência pública, envolvendo todas as entidades, todas as Comissões e podemos fazer todo o debate. Agora, o que não esperamos, por parte de alguns Vereadores, é que tenham a posição intransigente de nem sequer fazer o debate. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Vereador Raul Carrion está com a palavra, nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao companheiro Comassetto, ao companheiro Bertaco, em nome de quem saudamos toda a comunidade aqui presente. Para nós, do PC do B, consideramos um avanço a decisão de transformar a antiga área rural em uma área dentro da área urbana da Cidade. Evidentemente com as precauções que essa legislação proposta pelo Executivo, e aqui me parece, defendida pelo senhores, que são produtores rurais, que, portanto, conhecem o problema com bastante cuidado, atenção, parece-me um caminho justo.

Como já foi dito pela Bancada do Partido dos Trabalhadores, essa legislação procura preservar a área ambiental, procura incentivar as áreas produtivas, e somente quem tem objetivos especulativos é que pode, evidentemente, ser contrário a uma legislação desse tipo, que até, no nosso entender, ser aprovada, impedirá cobranças fiscais inadequadas. Então, por isso, o PC do B acompanha as preocupações dos senhores e está aberto para discutir eventuais problemas, como esse de cobranças fiscais, processos e assim por diante.

Também nos somamos à proposta de uma audiência pública para esclarecer o problema, porque também nos parece, por determinados pronunciamentos, que há desconhecimento da matéria.

Trazemos o apoio do PC do B ao Projeto defendido pelas entidades aqui representadas, hoje, e coloca-se à disposição para contribuir com alguma eventual correção e em outros problemas aqui apresentados. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Registramos que o Ver. Beto Moesch encontra-se em representação desta Casa, participando do XXXVII Encontro Estadual de Vereadores, Assessores, Servidores e Técnicos Legislativos de Câmaras Municipais do Rio Grande do Sul.

Agradecemos aos Srs. Carlos Roberto Comassetto e Antônio Bertaco, e queremos dizer que a Tribuna Popular serve justamente para que as entidades representadas possam utilizá-la e expor suas visões e suas problemáticas. Hoje, os senhores ouviram as posições das diversas Bancadas da Casa. Esperamos que esse Projeto dentro de alguns dias seja votado. Os senhores já fizeram os seus pronunciamentos e colocaram as suas visões, e, agora, o conjunto dos Vereadores vai analisar e, dentro de alguns dias, decidir.

Todas as vezes que julgarem necessário, por gentileza, ocupem esta tribuna, porque ela tem a missão de ouvir as diversas classes representativas, para que os Vereadores possam saber das suas visões. Faremos um rápido intervalo de dois minutos, para as despedidas. Muito obrigado.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h 51min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 14h53min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3013/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 017/02, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989, que institui e disciplina o Imposto sobre a transmissão “inter-vivos”, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos.

 

PROC. 3153/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 196/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que obriga as empresas revendedoras de pneus a recolhê-los quando inutilizados ou velhos, mediante a apresentação da nota de compra, dando a esses pneus destinação sem causar poluição ambiental.

 

PROC. 3154/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 068/02, que autoriza a alienação aos lindeiros Adolpho Kurth Hanke, Elizabeth Campana de Souza Lima, Adriana Mota da Silva Barcellos e Vicente Ferreira de Lima, de imóvel próprio municipal localizado no loteamento Três Figueiras, destinado a passagem de pedestres número 05, entre as Ruas Desembargador Hugo Candal e Coronel Assis.

 

PROC. 3157/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 103/02, de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon, que institui o Prêmio Vânia Araújo Machado, que será concedido a mulheres que se tenham destacado por sua luta na defesa dos direitos das mulheres.

 

PROC. 3262/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 205/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Praça Albert Sabin um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Santana.

 

PROC. 3317/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 209/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto alegre ao Professor Doutor Donaldo Schüler.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1148/01 - SUBSTITUTIVO Nº 01, que dispõe sobre a preservação do patrimônio histórico e cultural de origem africana no Município de Porto Alegre e dá outras providências complementares a Lei nº 275, de 06 de Abril de 1992, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 005/01, ambos de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

PROC. 3175/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 197/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua José da Rocha Espindola um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Serraria.

 

PROC. 3178/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 198/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que cria a GIBITECA nas bibliotecas das escolas da rede pública municipal.

 

PROC. 3185/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 200/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que destina o corredor de ônibus da III Perimetral para a prática de lazer e recreação da população aos domingos e feriados.

 

PROC. 3206/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 105/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede o título honorífico de Honra ao Mérito Atlético à atleta Júlia Matzenbacher dos Santos.

 

PROC. 3207/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 106/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues” ao Grupo de Pagode Itinerante.

 

PROC. 3211/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 201/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que institui, no Município de Porto Alegre, o Disque Solidariedade e dá outras providências.

 

PROC. 3212/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 107/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Odalgir Alfredo Lazzari.

 

PROC. 3224/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 108/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede o Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Professor Jorge Tadeu Nascimento Silveira.

 

PROC. 3314/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 073/02, que desafeta área de uso comum do povo e área de uso especial, autoriza o Município de Porto Alegre a permutar imóveis desafetados com CEISA – Condor Empreendimentos Imobiliários S.A.; por área destinada ao Parque Alemanha, devidamente urbanizada, e dá outras providências.

 

PROC. 3233/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 070/02, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município e dá outras providências. (nutricionista)

 

PROC. 3234/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 071/02, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município e dá outras providências. (engenheiro florestal)

 

PROC. 3235/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 072/02, que cria duas Funções Gratificadas junto ao Quadro do Magistério Público Municipal e uma junto ao Quadro da Administração Centralizada.

 

PROC. 3250/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 109/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Sr. Joaquim Moreira Brochado Amaral.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3171/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 104/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede o título honorífico de Esportista Exemplar ao Sr. Clóvis Acosta Fernandes.

 

PROC. 3183/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 199/02, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Rua Moacyr Godoy Ilha um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Glória.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 2961/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 101/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que altera a redação do “caput” do art. 196 da Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). (renovação de votação)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. Na segunda-feira, eu discutia na Pauta o Projeto de Lei de S. Ex.ª o Sr. Prefeito, que desafeta a área de uso comum do povo e área de uso especial, autoriza o Município de Porto Alegre a permutar imóveis desafetados com CEISA – Condor Empreendimentos Imobiliários S.A - por área destinada ao Parque Alemanha, devidamente urbanizada, e dá outras providências. E eu encerrava o meu pronunciamento dizendo: “Sr. Prefeito, vamos trabalhar um pouco mais?” De repente alguém ficou em dúvida por que eu fazia um apelo desses. Esse Projeto entrou na Casa no dia 31 de outubro e estamos a um mês do encerramento das atividades desta Sessão Legislativa e esse Projeto eu entendo ser de alta relevância para o povo porto-alegrense. Por que eu disse que vamos trabalhar um pouco mais? Aqui está o processo que determinou esse Projeto. Quando entrou na Prefeitura? Foi em 25 de agosto de 1999. Eu poderia encerrar o meu pronunciamento por aqui mesmo insistindo com o Prefeito: vamos trabalhar mais, porque é do interesse da Cidade. E isso ele não manda pressionar para que se vote, como o IPTU, que ele quer cobrar em todos os cantos da Cidade. Quanto a esse aqui, ele não mandou fazer nada. São 6ha de parque e nisso ele não está interessado. No dia 25 de agosto de 1999, há três anos, entrou. Trinta dias antes do término da Sessão Legislativa, ele manda aqui para que seja analisado e avaliado. É claro que tem interesse para o povo, mas não podemos deixar de falar num parque de 6ha ou 60 mil metros quadrados, mas, de qualquer forma, uma área toda urbanizada, a Prefeitura, três anos e alguns meses depois de entrar, manda para cá a matéria. Agora, para o Projeto do IPTU da zona rural, no ano passado, eles mandaram trazer até máquinas, aqui. Hoje, providenciaram mapas, fizeram tudo direitinho, tudo bonitinho, agora, quanto a este aqui, eu não vi fazerem nada: 25 de agosto de 1999. Hoje, estamos a um mês do término da Sessão Legislativa. Como farei eu para dizer “não” a um Projeto de tanta importância para a Cidade? Foram três anos; gastaram todo este papel aqui, mas não fizeram nada; três anos. Saúde e paz! Mas eu acho que o Prefeito precisa mandar trabalhar mais, não tenho nenhuma dúvida, não. Outra vez, saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, cidadãos, cidadãs de Porto Alegre, é importante que, em novembro, estejamos discutindo novos Projetos, mas o lastimável desta Casa é que, no mês de novembro, eu tenha onze projetos na Ordem do Dia para votar e não consiga votá-los.

O que está acontecendo com a Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Pedro Américo Leal? V. Ex.ª pode me explicar? Ver. João Dib, trinta anos de experiência nesta Casa, eu sei que V. Ex.ª acha que há leis demais, talvez existam demais, mas há lacunas nas leis e há alguns dos meus Projetos que eu gostaria de ver votados para fechar essas lacunas. Eu estou apresentando um novo, porque há uma lacuna na Lei Federal sobre o destino dos pneus usados. Uma ótima Resolução da Conselho do Meio Ambiente em nível federal, da CONFEMA: devolver ao fabricante.

Ora, senhoras e senhores, como o nosso Secretário André Passos vai devolver o pneu usado de seu carro? O Secretário poderia me explicar? Para quem? O senhor sabe qual o fabricante do pneu do carro que V. Ex.ª tem? Não, V. Ex.ª não sabe. Talvez a Goodyear, ou outra empresa. Onde ela está instalada? Não interessa para nós, mas nós sabemos a loja na qual nós compramos em Porto Alegre. É um absurdo, até em supermercados nós compramos pneus! Isso é outro descalabro da nossa sociedade consumista e da concorrência selvagem.

Nós precisamos, sim, fazer leis que dêem condições de o consumidor se defender, e de defender o meio ambiente, porque, hoje, nós estamos fazendo campanhas nacionais e Porto Alegre está fazendo uma belíssima campanha contra a dengue, porque tem água estancada em tudo que é pneu velho, em tudo que é canto, jogado em tudo que é lugar. Agora, o seguinte: a Lei diz: “Devolva ao fabricante.”

Ora, senhoras, ora, senhores: “Devolva ao fabricante?” O fabricante está distante! Então, nós temos uma lei municipal e nós mostramos que para que esta lei tenha viabilidade, mesmo, para que ela funcione de fato, tem que passar o pneu para o revendedor! É o óbvio! Esse é o furo da Lei!

Por isso, Ver. João Dib, é preciso fazer mais leis, e leis que tenham concretude, que não sejam meros discursos ideológicos ou, no máximo, políticos. Mas que sejam questões que resolvam a vida das pessoas! Que resolvam a vida das pessoas, que garantam um meio ambiente de qualidade; e que não vejamos pneus, que demoram quinhentos anos para se decompor, sumirem debaixo da terra, prejudicando o meio ambiente, ou pneus velhos sendo queimados, a torto e a direito, estragando a massa de ozônio. Ora, nós precisamos resolver esses problemas.

Eu apresento esse assunto à consideração das senhoras e dos senhores, à população de Porto Alegre, à imprensa, vamos discutir, sim, esses temas concretos! Esta é a vida real! Esta é a Porto Alegre! Assim é que tem que agir uma Câmara de Vereadores: em cima - e permanentemente - dos problemas concretos da nossa realidade! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar gostaríamos de fazer um registro. Normalmente seria despiciendo, em discussão preliminar de Pauta, tratar de um Projeto de Lei que envolva a questão de designação de nome de logradouro público, porque essas matérias são consensuais. Mas nós gostaríamos, aqui, neste momento, de salientar uma indicação a um Projeto de Lei de nossa autoria, que designa o nome de uma praça, na parte fronteira ao prédio do Centro de Saúde Modelo. Normalmente há grandes dificuldades de prestar homenagens a pessoas que realmente mereçam a homenagem. E essa pessoa, cujo nome indicamos para denominar essa praça, na parte fronteira do Centro de Saúde Modelo, a nosso juízo, é um resgate da cidade de Porto Alegre a um cientista que deixou uma grande marca: a salvação de vidas humanas. Nós propusemos que se dê o nome de Albert Sabin a uma praça na parte fronteira ao Centro de Saúde Modelo.

Albert Sabin foi uma figura extraordinária, que deu uma grande contribuição à ciência: o seu trabalho científico na luta contra a poliomielite, salvando milhões de crianças do trauma, do sofrimento. E, hoje, quando nós vemos as campanhas desses extraordinários clubes de serviços, do Rotary Club, na luta contra a poliomielite, lembramos, sobretudo, da figura de Albert Sabin. E nós queremos reunir ali, nessa homenagem de criação dessa praça, o conjunto de todos os Rotarys da cidade de Porto Alegre, crianças, clubes de mães, escolas, para prestar essa homenagem que inscreve no mapa da Cidade o nome de Albert Sabin como uma questão de justiça. Eu tenho certeza de que é um Projeto que merecerá não só o voto, mas a verdadeira integração dos Vereadores desta Casa a esse evento e a essas homenagens que serão prestadas, porque ele é um símbolo da humanidade na luta contra a doença, na luta contra todos os males causados pela doença, através da pesquisa científica.

Nós gostaríamos aqui, também, de comentar o Projeto de Lei que institui, altera e disciplina o imposto sobre a transmissão inter vivos, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais, de autoria do Ver. Estilac Xavier.

O Ver. Estilac Xavier, embora seja um Vereador de primeira Legislatura, é um homem preparado, foi Líder da Bancada do PT, e se aventurou nos caminhos da iniciativa do Poder Legislativo para legislar sobre matéria tributária, com iniciativa nessa matéria, quando nós sabemos que constitucionalmente a matéria tributária tem de ter origem no Poder Executivo.

Mas eu acho positivo que o Vereador... Nós estamos lutando pelo aumento das prerrogativas, Ver. Sebastião Melo, do Poder Legislativo e acho extremamente positivo esse impulso dado pelo Ver. Estilac Xavier que, na questão do inter vivos, no Imposto de Transmissão Inter Vivos, traz alterações na sua legislação, através de Projeto de sua iniciativa, aqui no Poder Legislativo. E, certamente, se ele for “amigo do rei”, ele terá o seu Projeto sancionado. Embora haja diferenças de tendências... E o PT é muito cioso nessas tendências existentes dentro do seu Partido, sobretudo aqui no Rio Grande do Sul, porque o PT do Rio Grande do Sul é uma ilha. Num outro dia eu vi uma manifestação do Presidente Lula, extraordinária, e que vai repercutir enormemente: ele vai acabar com a contribuição sindical, com o chamado imposto sindical. Eu gostaria de saber o que o CPERS vai pensar e já pensa sobre a intenção do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva de acabar, extinguir o imposto sindical. Certamente essa é uma matéria de grande repercussão. Eu até estranhei que há um tão favorável apoio da mídia, Ver. Paulo Brum, que não repercutiu muito a intenção do Presidente da República em extinguir o imposto sindical. Eu gostaria de uma nota. É tanta nota que o CPERS larga, e outras a ATEMPA, que consegue alguns privilégios fantásticos, muitas vezes, aí do Executivo; eu gostaria que se manifestasse sobre essa intenção de acabar com o imposto sindical. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente dos trabalhos, Paulo Brum; Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, em primeiro lugar, nós, do Partido dos Trabalhadores, sempre que ocupamos direção de sindicatos, Ver. Isaac Ainhorn, nunca lançamos mão do imposto sindical; sempre fomos contra a obrigatoriedade do desconto de um dia de trabalho. O Sindicato dos Municipários, por exemplo, nesta atual gestão, que já está aí há seis ou sete anos, lançou mão e obrigou, confiscou um dia de trabalho de todos os funcionários públicos municipais. Nós nunca fizemos isso! É a primeira vez que esse Sindicato faz, na sua história, no seu tempo de existência. E a ATEMPA não faz isso. O CPERS não faz isso, porque nós acreditamos e apostamos na livre organização dos trabalhadores, na livre filiação, na filiação espontânea e politizada a um sindicato. Portanto, nós não temos nenhum problema de fazer a discussão da contribuição sindical, porque nós temos, além de uma compreensão contrária, muita coerência na atuação dos diferentes sindicatos.

Está em Pauta, em primeira Sessão, também, um Projeto de minha autoria, do nosso mandato, relativo à Sessão Solene do Dia da Mulher, desta Câmara Municipal. Nós temos, por hábito, aqui, uma das Vereadoras, ou, às vezes, algum Vereador solicitar essa Sessão Solene e fazer homenagens de diferentes formas. Não há “regração”; não há prêmio. E, normalmente, acabamos distinguindo algumas mulheres pela luta do movimento feminista, a luta contra a discriminação da mulher, e distinguimos de maneiras diferenciadas a cada ano. Às vezes não acontece, e a nossa idéia de construir é que, primeiro, essa Sessão Solene seja uma sessão ordinária da Casa; seja uma sessão da Câmara de Vereadores, que, independente do Vereador ou da Vereadora, será chamada pela Câmara de Vereadores; segundo, que, nessa Sessão Solene se distingam as mulheres que lutaram contra a discriminação da mulher, na forma de uma estatueta, que nós vamos chamar Prêmio Vânia Machado.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Rapidamente, Vereadora, queria dizer que estamos apoiando este Projeto, tivemos a oportunidade de ler, iríamos falar, mas cedemos o nosso espaço para o Ver. Carlos Alberto Garcia, que amanhã não estará podendo usar da palavra. Mas eu queria fazer uma ressalva: parece-me que o art. 4.º faz uma discriminação, ou seja, essa homenagem às mulheres só pode ser proposta por mulheres. Nós temos o entendimento de que não só as mulheres admiram a luta das mulheres, também os homens têm mulheres a indicar para receberem esse prêmio. Creio que essa discriminação não caberia. Todos os Vereadores da Casa poderão indicar e homenagear mulheres de luta. Ressalvo, inclusive, uma grande companheira do meu Partido, a nossa Deputada Jussara Cony, para dar um exemplo, que merece o nosso reconhecimento. Ficaremos tolhidos. Eu já homenageei mulheres, negros, sindicalistas. Imaginem se fizéssemos lei assim: só os negros podem homenagear os negros, só as mulheres podem homenagear as mulheres, só os sindicalistas podem homenagear os sindicalistas. Eu acho que é uma questão perfeitamente passível de correção, mas é louvável. Apoiaremos o seu Projeto. Muito obrigado.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. Carrion, há uma intencionalidade no colocar esse artigo, ele não é um erro; na verdade, ele teve uma discussão, parece-nos ser o momento da mulher esse momento da Sessão Solene. Temos inúmeros prêmios na Câmara que são concedidos a “n” mulheres, inclusive pela sua atuação na área da luta feminina. É um debate que podemos fazer, não é algo de fundo, mas a gente quer que esse momento seja o momento em que as mulheres reafirmem a sua luta, reafirmem, neste espaço político - um espaço majoritariamente masculino -, que a fala da mulher, a experiência que ela traz, a sua sensibilidade devem receber mais espaço. Deve ser garantido o debate dos temas que ela traz, e nada como a mulher para pautar esses temas; é muito diferente um homem estar pautando a partir do ponto de vista masculino, a partir da hegemonia masculina que tem na sociedade. Quero dizer, a mulher certamente indicará com mais legitimidade as pessoas, porque ela vem dessa luta, vem dessa batalha e sofre, ela própria, a discriminação. Mas o Projeto está aí para o debate, para a construção coletiva dos Vereadores. Muito obrigada.

 

(Não revisto pelo oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, estão tramitando em 2.ª Sessão de Pauta alguns Projetos de nossa autoria, e queremos ressaltar dois: o primeiro concede ao Sr. Joaquim Moreira Brochado Amaral o Título Honorífico de Líder Comunitário. Vou falar um pouco a respeito de Joaquim Moreira Brochado Amaral, mais especificamente do Amaral da Casa de Portugal.

Joaquim Amaral, de nacionalidade portuguesa, veio para o Rio Grande do Sul em 1993, para, junto com o seu primo, assumir o economato do restaurante Casa de Portugal, onde a sua capacidade administrativa vem realizando grandes eventos sociais, culturais e beneficentes. Tem conseguido levar a cultura portuguesa, por intermédio da culinária e eventos sociais, e, junto aos gaúchos, por intermédio dos mais importantes meios de comunicação. O amigo Amaral, assim como é chamado por todos, sempre teve a preocupação de estar bem informado a respeito das necessidades sociais dos porto-alegrenses e, devido a isso, fez com que o projeto pessoal, os bailes da Casa de Portugal, já tradicionais em Porto Alegre, reunissem um grande número de pessoas de todos os níveis sociais e idades, proporcionando alegria e animação, sempre recebendo clientes, amigos, empresários e políticos, com a mesma atenção e carinho. Assim, a Casa de Portugal e o seu restaurante já são comentados em todos os lugares possíveis e inclusive na sua terra natal, Portugal. Hoje, Joaquim Amaral é sempre lembrado como o homem de grandes idéias administrativas e comunitárias junto aos porto-alegrenses. É por isso que estamos propondo o Título de Líder Comunitário, porque Joaquim Amaral realmente consegue congregar milhares de pessoas nos seus eventos na Casa de Portugal.

O outro é um Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Odalgir Lazzari, que é hoje o Presidente do Clube do Professor Gaúcho. Odalgir Lazzari nasceu em Sobradinho, há vinte e seis anos, cursou contabilidade no segundo grau; depois, fez o curso superior em Artes, na UFRGS, e Pedagogia em 1985, na SASIMC. O Professor Odalgir Lazzari é pós-graduado em Museografia, no Cairo, Egito; é especializado em Educação e pós-graduado em Comunicação Social. Obteve destaque nos últimos anos também como colunista, recebeu vária láureas, troféus e distinções. É Presidente do Clube do Professor Gaúcho desde maio de 91, estando no seu quarto mandato. Atualmente é comentarista social de um programa de televisão no Canal 20. Membro efetivo da Diretoria, desde 82, triplicou o patrimônio do Clube do Professor Gaúcho, com a aquisição da sede da Zona Norte, a sede Santa Maria, a sede da Praia do Pinhal e a sua Sede Central, em Ipanema – Porto Alegre. O Clube do Professor Gaúcho é destaque na área clubística, sendo membro fundador inclusive da Federaclubes, onde Lazzari ocupou o cargo de Vice-Presidente social de 94 até 2000. O Clube do Professor Gaúcho possui hoje mais de vinte e cinco mil sócios, em todo o Rio Grande do Sul e mais de oitenta mil dependentes, perfazendo um total de aproximadamente cento e cinco mil pessoas, integrantes da nossa Capital, e aproximadamente quarenta mil pessoas entre titulares e dependentes.

O Professor Lazzari é colaborador de diversas entidades filantrópicas da Capital, prestando serviços, sempre que solicitados, à Liga Feminina de Combate ao Câncer, ao Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, à Oficina Santa Rita de Cássia, à Sociedade Emanuel, ao Instituto Menino Jesus de Praga, à Creche Mamãe Margarida, ao Instituto de Excepcionais Santo Antonio, entre outros. O Professor Odalgir Lazzari adotou Porto Alegre para viver, morar e trabalhar desde 1979. Por isso, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, estamos propondo um Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Odalgir Lazzari e um Título de Líder Comunitário, Título Honorífico ao Sr. Joaquim Amaral. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a manifestação do Ver. Carlos Alberto Garcia, encerramos o período de discussão de Pauta.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente dos trabalhos, Vereador e Deputado eleito Paulo Brum, ocupo esta tribuna para socializar, Ver. Dib, uma preocupação que, com certeza, não é só deste Vereador. O jornal Zero Hora de segunda-feira estampou a foto de um caminhão que trabalha para o DEP, recolhendo mobília de um comitê de um candidato do Partido dos Trabalhadores. No dia seguinte, aparecem as respostas do candidato Alessandro Barcelos e também do DEP - do nosso querido Diretor, que foi Vereador desta Casa, Airto Ferronato. A pergunta que há de se fazer e o link que há de se construir é, primeiro: esse cidadão era CC do DMLU - cargo de confiança do Departamento Municipal de Limpeza Urbana -? Naquele cipoal de coisas complicadas, era o candidato do Dr. Campani. Quero, de pronto, dizer que isso não tem muito a ver com o DEP, acho que o caminhão do DEP foi contrabandeado, mas esse assunto tem que ver com o DMLU.

A pergunta a se fazer, Ver. Dib é: “Será que de tantas empresas de frete que há em Porto Alegre, nesse desemprego fantástico, com pessoas que estão colocando nas esquinas kombis e caminhões, o candidato do PT tinha que buscar um caminhão que trabalha para o DEP para dizer: ‘Não, eu paguei o caminhão’?” Não, por favor. Não vão querer dizer que isso procede. Que isso não é verdade. Isso é o que tem sido uma marca desse Governo: o uso da máquina pública para fins eleitorais. Se há um governo que usa a máquina pública para fins eleitorais, esse governo se chama da Frente Popular. Ele tinha que dar aula de pós-graduação aos países da Oceania, da América Latina e da Europa, porque se especializou em usar a máquina pública para fins eleitorais. Dá contrato emergencial e pega dinheiro com a outra, dispensa licitação para colocar o lixo em Minas do Leão, vai lá e pega dinheiro para a campanha com outra mão. E, agora, como se não bastasse tudo isso, na hora de recolher o mobiliário eleitoral, ainda têm a cara-de-pau de usar o caminhão do DEP.

Eu fiz um pedido de informação, mas, se o Governo fosse transparente, ele deveria trazer aqui, agora, e mostrar que o contrato com essa empresa vai até às 17h30min. Estou desafiando! Mas, mesmo que vá até às 17h30min – o que eu tenho dúvidas –, ele pode ser legal, mas não é ético; porque alguém deve dizer que pagou e há de arrumar uma nota fria, não tenho dúvida nenhuma, ou qualquer recibo frio vai ser arrumado. Até mesmo uma nota que tenha ainda um carimbo de uma gráfica bonita, vão dizer que pagaram o frete. Mas isso não procede.

Quero isentar o DEP, Sr. Presidente. Esse caminhão foi contrabandeado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana; aliás, eu desconfio, eu passei em algumas capatazias e algumas não quiseram deixar que eu entrasse. E aqui, Sr. Presidente, eu digo: essa é uma postura autoritária desse Governo. Nós, Vereadores, estamos investidos pela Constituição, pela Lei Orgânica, e não temos que pedir licença para entrar em nenhum lugar de órgão público. Eu não tenho que pedir licença para entrar. O povo me delegou essa procuração. E com certeza já tiraram os móveis de onde eu recebi o telefonema de que estavam lá. Mas, a verdade é que o discurso é um: transparência, radicalização da democracia, prestação de contas em praça pública com cantores nacionais. Mas a Câmara não tem senha para acessar o acompanhamento da execução, e o uso da máquina pública campeia. Eu estou desafiando aqui...

Eu fiz o pedido de informações, vou instruir esse processo nas comissões competentes desta Casa, porque esta é uma denúncia gravíssima, porque há antecedentes nesse setor. Esse cidadão é reincidente, porque tem uma prática continuada do uso da máquina pública para fins eleitorais; quando não é pessoal, é para terceiros. Portanto, nós vamos continuar neste diapasão, nesta caminhada e esperamos que o governo da transparência e da radicalização da democracia possa prestar as informações para não ficar nenhuma dúvida de que, efetivamente, não houve uso da máquina pública. Muito obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Paulo Brum na presidência dos trabalhos hoje à tarde; Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras e público que nos acompanha pela TV Câmara, mais uma vez o Ver. Sebastião Melo vem aqui e atua como uma metralhadora giratória de ataques; ele gosta desse tipo de ambiente de ataques, de acusações, principalmente infundadas, desqualificadas e simplificadoras. Mas nós, como sempre, respondemos a todos os ataques aqui, porque queremos, sempre de forma transparente e responsável, falar com a população de Porto Alegre e colocar todos os dados trazidos aqui, mesmo que sejam trazidos da forma mais desqualificada possível, com ataques rasteiros, eu diria, mas nós vamos sempre responder.

O nosso companheiro Alessandro é um candidato sério, com uma vida militante reta e correta. Como já foi explicado, inclusive para o jornal em questão, o serviço terceirizado não é só do DEP. Há vários serviços terceirizados em todas as prefeituras, onde alguns desses serviços são prestados; e esses automóveis, caminhões, seja o que for que estejam usando, estão “a serviço de”. Portanto, não se trata de um caminhão público ou da Prefeitura de Porto Alegre; está a serviço de determinado órgão; a serviço de determinado órgão dentro de um período de contrato, pode ser das 9h às 18h - como era esse caso específico -, assim como há viaturas a serviço, por exemplo, da EPTC, com muita freqüência há; como há viaturas a serviço do DEMHAB, por exemplo; ou mesmo pode estar a serviço da SMOV; está dentro de um tempo de serviço - isso é óbvio e claro.

Ali diz que a placa vermelha confirma que é público; não, a placa vermelha confirma que não é público. O erro, e aqui sim há um erro, é que as pessoas que prestam serviço, a partir do momento em que deixam de prestar esse serviço, não retiram o adesivo colocado nos automóveis ou nos caminhões. Tem que ser retirado, porque estão “a serviço de”. Então foi feita uma contratação para um serviço particular, de uma empresa particular, fora do horário de expediente e foi mantido o adesivo colado. Não é um serviço da Prefeitura para a Prefeitura ou para alguém que trabalha na Prefeitura, até por que o Sr. Alessandro não trabalha na Prefeitura. Então, vamos tratar o assunto com seriedade, com clareza. Já que querem “requentar pauta fria”, que, pelo menos, tratem o assunto com a seriedade que ele merece e com o respeito que a população de Porto Alegre merece. Inclusive já foi feita a justificativa pública, veiculada pelo próprio jornal que colocou em questão a situação do serviço.

Assim, já está explicado e esclarecido publicamente. Não há nada para esconder neste assunto. Qualquer cidadão de Porto Alegre pode contratar uma empresa de transporte, que presta serviços dentro do horário de expediente, como terceirizada, a qualquer Executivo, a qualquer Prefeitura de qualquer canto deste País. Uma empresa privada, que é terceirizada para determinado tipo de serviço, fora do horário de serviço, presta serviços para quem ela quiser, na hora em que ela quiser, nos finais semanas, depois do expediente. Ela é uma empresa privada e pode ser contratada. É simples assim! Qualquer outra coisa serve muito mais para uma disputa política rasteira, de quem não tenha qualidade para fazer um debate político de fundo, um debate político de programas, de projetos. Fica lá nas miudezas que a mediocridade política, às vezes, exige de alguns que não conseguem espaço público se não se atiram nessas miudezas políticas. Então, queremos, de forma clara, transparente e tranqüila, divulgar a explicação pública que já foi feita, e sempre faremos assim. Só esperamos que, das próximas vezes, esse assunto seja tratado – e digo que é legítimo ser tratado pela Câmara Municipal – com uma interlocução qualificada com a população, com as Bancadas e com os Vereadores, interlocução qualificada, que não simplifique as coisas na base da “rasteira” política, pois acho que não é a melhor forma de se fazer política, nem de dialogar, nem de cumprir o papel que temos no Legislativo Municipal. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, ouvi atentamente a fala do Ver. Sebastião Melo. Proponho que o Ver. Sebastião Melo convoque o DEP para comparecer na nossa Comissão de Finanças e Orçamento, para discutir esse assunto, já que isso implica receita.

Eu vou ler o e-mail que Airto Ferronato, Diretor do DEP e membro do Partido Socialista Brasileiro, nos enviou e que enviou também ao José Barrionuevo, que ontem divulgou a nota. (Lê): “Caro Barrionuevo, lendo sua coluna de hoje a respeito de mudança do comitê eleitoral de candidato a Deputado Estadual em caminhão com o logotipo do Departamento de Esgotos Pluviais, DEP, fomos a campo investigar o ocorrido. Constatamos que o veículo em questão, de placa IEI-6713 é de propriedade da empresa de transportes Villagram Ltda., que presta serviços para a seção Centro de Conservação do DEP, no horário das 8h às 16h30min. O ocorrido se deu em horário posterior ao contratado, portanto não trouxe nenhum ônus para a Prefeitura de Porto Alegre. Consideramos errado o procedimento desse veículo em portar placa com identificação de órgão da Prefeitura fora do horário de serviço. O DEP está emitindo uma circular para que empresas contratadas não repitam esse procedimento. Airto Ferronato, Diretor do DEP.”

Vou providenciar uma cópia para V. Ex.ª. Só que eu também solicito que, antes de acusar, busquemos a informação com quem possa prestá-la. De antemão, acho importante que o DEP e até essa Empresa compareçam na nossa Comissão de Finanças e Orçamento para prestar esclarecimentos, porque o Airto Ferronato mesmo faz questão de que não paire nenhuma dúvida sobre que alguma viatura do DEP, sob sua jurisdição, pudesse estar cometendo essa imaturidade, essa ingenuidade política, até porque Airto Ferronato foi Vereador nesta Casa por dois mandatos, foi Presidente da Câmara e conhece muito bem os trâmites legais, o que pode e o que não pode ser feito. Temos a plena convicção de que não se submeteria a isso. Faço questão de fazer essas colocações, porque conhecemos muito bem a figura pública de Airto Ferronato. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Registramos a presença das alunas Roberta Prylucki da Silva, Caroline Leal Segabinazzi e Amanda Ruzzante e do aluno Alcides de Borba Gonçalves, do curso de Administração de Empresas da Faculdade São Judas Tadeu, que nos visitam em função de atividade que faz parte do Projeto de Educação Política que o Memorial desta Casa desenvolve junto às escolas e entidades de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Saudamos vocês, nesta tarde.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PPS.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, hoje, nesta Casa, dá-se início às atividades da Semana da Consciência Negra.

Uma série de entidades se reuniram durante muitos dias para construir uma programação plural, que pudesse refletir o conjunto das visões e das atividades que são desenvolvidas pelas entidades dos afro-descendentes do nosso Município. É uma semana para refletirmos sobre a importância econômica, cultural, dos afro-descendentes de nossa Cidade, e é também um momento fundamental para que possamos buscar novas políticas públicas que venham a coibir situações de violência e discriminação.

Há ainda um papel, muito importante, que os Legislativos municipais podem, e devem, desenvolver, na luta contra o preconceito e a discriminação racial. No ano passado, tivemos a publicação de uma pesquisa feita pelo IPEA, a mais completa pesquisa sobre a realidade dos afro-descendentes brasileiros, que nos mostrou que apenas 2,3% dos estudantes negros chegavam à universidade brasileira. Há 30 anos, 2% dos negros tinham acesso aos bancos escolares e às universidades públicas. Apesar dos discursos, das mobilizações, a universidade segue sendo um gueto sexista em algumas profissões, mas, fundamentalmente, um gueto absolutamente excludente das populações afro-descendentes brasileiras. Diante dessa realidade, é fundamental que criemos ações afirmativas, imperativos éticos, políticos e sociais que venham encurtar os caminhos e criar as mesmas condições de participação na universidade dos jovens e adolescentes, independente da sua etnia, da sua raça e da sua origem.

Foi buscando enfrentar essa realidade e construir os caminhos de igualdade no campo da educação, que nós colocamos um Projeto de Lei, que se encontra na Ordem do Dia. Esperamos que o espírito do 20 de Novembro nos leve a aprová-lo ainda nesta semana. É um Projeto que institui no Município de Porto Alegre um programa adicional de educação para os afro-descendentes do nosso Município. O que visa o nosso Projeto de Lei? Ele visa a que a Prefeitura de Porto Alegre crie políticas de incentivo, apoiando as entidades para que elas possam criar cursos de capacitação aos jovens estudantes do segundo grau, de origem africana, de baixa renda, para que eles possam participar e freqüentar esses cursos pré-vestibulares, vencendo, assim, os obstáculos à sua entrada na universidade, garantindo-lhes, através desse curso, conhecimentos de resgate da sua cultura, das suas manifestações culturais e também vindo a recolocá-los em condições de disputar o vestibular nas mesmas condições de igualdade dos filhos da classe A, dos filhos da classe média.

Este Projeto inspira-se em projetos de entidades que já funcionam em várias cidades brasileiras, inclusive em Porto Alegre. As entidades de defesa da questão dos negros, têm feito sua parte. Nós queremos que o Poder Público contribua com isso, contribua para a ampliação das vagas e do sucesso da entrada dos afro-descendentes de baixa renda nos bancos escolares das universidades. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, página 39 da Zero Hora: “Plantão: Câmeras no Centro. A Secretária do Governo Municipal, Helena Bonumá” - nossa Vereadora, Helena Bonumá – “informou ontem que a Prefeitura de Porto Alegre arquivou o Projeto de Vigilância Eletrônica no Centro da Capital devido ao custo elevado para a implantação do sistema. Além da falta de verba, a Secretária alegou que surgiram dúvidas jurídicas sobre a legalidade das gravações. O anúncio da instalação das cinco câmeras de vídeo no Centro havia sido feito em março, pelo então Prefeito Tarso Genro. Antes disso, em 2001, Tarso já havia prometido colocar em funcionamento quinze câmeras.” Tarso também prometeu cumprir o seu mandato até 2004. Portanto, aqui, numa página um pouco obscura dentro da grandeza desse Projeto...

Vamos voltar mais atrás, para que nós possamos... ...porque, nesta Casa, esteve o antropólogo Luiz Eduardo Soares. Aqui, nesta Casa, foi criada a Secretaria de Segurança, mas parece me que, para o Governo Municipal, o mais importante é a criação de cargos, a criação de uma Secretaria. Agora, por exemplo, está tramitando, nas Comissões Permanentes da Casa, a Secretaria de Direitos Humanos. Mas aí eu fico me debatendo Ver. João Bosco Vaz, se essas Secretarias e esses cargos não estão sendo criados para ocupar espaço do Partido do Governo, que não se preocupa com a Segurança do Estado, onde nós não ouvimos falar, há muito tempo, do Secretário do Estado. Muita gente até não se lembra quem é o Secretário do Estado. O Secretário José Paulo Bisol sumiu, sumiu antes das eleições e até agora não deu as caras, porque já está terminando o Governo do Estado e as contas do Estados foram, com ressalvas, aprovadas, e lá consta que..., e quem prestar atenção vai ver que a Secretaria de Segurança, a Brigada, a Polícia Civil foram desprestigiadas e foram perdendo espaço, e conseqüentemente verbas para a ampliação do seu trabalho. Quer dizer, não tem mais condições, aquilo que foi prometido para revitalizar o Centro, e começava pelas câmeras, onde haveria uma fiscalização maior, Ver. Luiz Braz e Ver. Goulart, nós já não temos mais isso, houve uma promessa. Portanto, muito cuidado aqui para que nós não tenhamos que, a qualquer momento, aprovar a Secretaria tal, mas aquilo que é da população, que é a segurança do Centro, que é importantíssimo para a revitalização do Centro, crescimento de empregos, de vendas, para o comércio, para o centro da Capital, onde é, sem dúvida, o nosso centro de atuação na Cidade, nós já não temos isso.

O antropólogo já está lá pleiteando outro cargo no Governo Federal. O antropólogo Luiz Eduardo Soares. Então, nós não temos um projeto sério para a revitalização do Centro, para revitalização da segurança na nossa Cidade. Portanto, Sr. Presidente, quero deixar registrado que, embora o tema esteja na página 39, um pouco escondido, com o título Câmera no Centro, é muito importante para esta Casa, tão importante para Porto Alegre, porque se trata da segurança da nossa Cidade. Obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Casa efetivamente é a caixa de ressonância das inquietações da sociedade porto-alegrense. Aqui está radicada a verdadeira representação popular, ungida pelo voto dos seus munícipes. E é em nome disso que eu trago ao conhecimento desta Casa, Sr. Presidente, um fato que nos foi trazido pela comunidade dos moradores do Parque Arvoredo, mais especificamente do Bairro Jardim Planalto, onde a Administração do PT, tão ciosa de ouvir a comunidade, está promovendo – há um processo em tramitação na Prefeitura – uma cessão de área pública – uma cessão de uso comum, Ver. Cassiá Carpes, Ver. Haroldo de Souza – em favor de uma entidade privada. E diz a manifestação, a ata da reunião dessa comunidade, lá do Parque do Arvoredo, no Jardim Planalto, próximo à região eleitoral do Ver. Juarez Pinheiro, que o Parque do Arvoredo se constitui numa área estritamente residencial, considerando que, quando do loteamento do Parque do Arvoredo, não estava prevista qualquer ocupação de área pública por parte de entidade privada.

Mas, vejam quem é a entidade a quem está a Prefeitura cedendo, sem ônus, para lá instalar a sede da entidade, numa área de 1 ha, área valorizadíssima, numa área estritamente residencial, onde a comunidade pleiteia uma praça, está lá: “Para a Associação dos Trabalhadores do Ensino na cidade de Porto Alegre – ATEMPA.”

Vejam, V. Ex.ªs, que pretende a Prefeitura Municipal ceder a área pública para uma entidade privada, à Associação dos Trabalhadores do Município de Porto Alegre e da área da Educação.

E vejam mais: ao lado de uma casa geriátrica, ali instalada há mais de quarenta anos, o Lar dos Velhos Maurício Seligman, da comunidade israelita, onde o sossego, a tranqüilidade, daquela área recomenda equipamentos tranqüilos, e não autorizar a cessão da área para ali instalar a sede de uma associação, onde vai mudar o perfil e a vocação do Jardim Planalto, no Parque do Arvoredo. Portanto, ali junto à área, onde a Administração Municipal, o Executivo pretendem ceder para uma instituição privada, uma área de cerca de 100 metros, junto a ela está o Lar dos Velhos, uma instituição geriátrica com cinqüenta e sete residentes, há mais de trinta anos. Mas é muito fácil, Ver. Elói, fazer-se caridade com o chapéu alheio. E o mais grave, os senhores acham que a comunidade do Parque do Arvoredo foi comunicada, a associação comunitária foi ouvida, o conjunto da população dos moradores foi ouvido, para autorizarem a cedência para uma instituição privada? Não. Ninguém. Daí vige o ar imperial da Administração de Porto Alegre; faz as coisas sem consultar ninguém. E quando consulta, consulta de forma demagógica para dizer que nós estamos ouvindo, para pressionar, muitas vezes, esta Casa e constranger o voto dos Vereadores em projeto de interesse do Executivo Municipal. Aí dizem que ouviram. Agora, eu quero saber o seguinte: por que a Administração Municipal não ouviu os moradores para ceder uma área de 1há, localizada no loteamento Arvoredo, para instalar ali a sede da ATEMPA? Como é isso? Vai-se fazer assim, sem respeito, sem ouvir a comunidade?

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que estou levando esse assunto à Comissão de Educação, embora seja presidida por uma Vereadora do PT, a Ver.ª Maria Celeste, eu tenho a certeza que, com o equilíbrio dos integrantes dessa Comissão, da Ver.ª Maria Celeste, da Ver.ª Sofia Cavedon - futura Secretária de Educação do Município, que está sendo cogitada -, é óbvio, eu tenho certeza de que com a sensibilidade dessas Vereadoras esse fato não vai ocorrer, sobretudo porque, de forma isenta e como magistrado, eu tenho a convicção de que eu levando este assunto à Comissão de Educação, a comunidade levando, a Comissão de Educação vai se posicionar sobre este assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, eu já não ouço mais com tanta insistência aquela propaganda petista de que nós moramos na Cidade de melhor qualidade de vida. Eu acredito que até mesmo as grandes lideranças petistas chegaram à conclusão de que não era justo passar para os cidadãos uma inverdade através de uma massa publicitária paga com muitos milhões de reais, para que a população tivesse uma idéia falsa sobre aquilo que realmente nós vivemos aqui em nossa Cidade.

Ver.ª Clênia, eu estive ontem visitando uma área que V. Ex.ª conhece muito, visitei a Vila Maria da Conceição. Visitei toda a Vila Maria da Conceição, usei boa parte do meu dia de ontem para fazer essa visita à Vila Maria da Conceição, e o que eu vi lá foram, primeiramente, áreas de extrema pobreza, subabitações, uma subvida; uma região, por exemplo, da Vila Maria da Conceição, em que as pessoas ouvem muito pouco falar e que se chama Rocinha, um local onde devem viver umas vinte ou trinta famílias, mas o estado das pessoas é um estado desesperador. O que é feito por aquela gente? Absolutamente nada!

Nós fomos visitar uma região que quem conhece a Vila Maria da Conceição sabe que é uma região extremamente famosa. Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª que é ligado à área da segurança pública, tem uma área na Vila Maria da Conceição que o pessoal conhece como Baixada. Ali é a zona do tráfico, na Vila Maria da Conceição. Não sou só eu que digo, todo mundo sabe, fica a poucos metros de uma delegacia, que não faz absolutamente nada! E ali, na zona do tráfico, Ver. Pedro Américo Leal, é proibido entrar. Só penetra na zona do tráfico quem vai adquirir maconha, cocaína ou quem mora por ali. Ninguém, de forma desavisada, pode passar por aquela zona, porque logo vai receber um aviso de que está passando por uma zona proibida. Nem mesmo a polícia vai lá. E nós estivemos na zona do tráfico, na tal de Baixada, olhando a miséria a que estão entregues aquelas famílias que vivem por ali perto da zona do tráfico, totalmente desassistidas pela Administração Pública.

Depois, terminamos a nossa visita, já era fim de tarde, mais ou menos dezoito horas, na Pequena Casa da Criança. Mas, na Pequena Casa da Criança, nós sabemos muito bem que, durante muito tempo, ali liderou uma pessoa que todos nós amamos muito e que agora reverenciamos a sua alma, que foi a Irmã Nely Capuzzo. Mas, imaginem, às 18h eu recebi o aviso de que não poderia entrar naquela casa, porque a casa havia cerrado as suas portas às 17h30min. Sabe o que funciona ali na Pequena Casa da Criança, Vereador? Funciona mais ou menos um posto de saúde, que tem convênios com o Município, com o Estado. É ali que a população da Vila Maria da Conceição é atendida, só que quem precisar do posto de saúde após as 17h30min não pode mais usar o posto de saúde. As pessoas que moram ali na vila Maria da Conceição, e que precisam de tratamento de saúde após às 17h30min, estão proibidas de sentir problemas de dores de cabeça, problemas de enjôo, qualquer problema que vá precisar se socorrer no posto de saúde. Após às 17h30min, ninguém atende mais. Talvez, Ver. Elói Guimarães, seja o modo petista de administrar uma cidade, seja o modo petista de encarar essas regiões mais pobres de nossa Cidade, dando esse mal atendimento, colocando as pessoas das vilas, como é o caso da Vila Maria da Conceição, como pessoas de segunda classe, que não merecem muita atenção, que não merecem tratamento e que podem ser tratadas assim com onze consultas durante o dia e, de repente, todo mundo lavas as mãos, vai embora, as portas se fecham e ninguém atende mais ninguém, e com aquele aviso “proibido passar na Baixada”, que é a zona do tráfico. Ali nem a polícia entra, ninguém entra, não é uma terra administrada pelo PT, é uma terra que está fora daquela propaganda da Cidade de melhor qualidade de vida.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, diz o Regimento que a Comunicação de Líder é feita para tratar de assunto urgente e inadiável, cujo tema deve ser proposto ao Presidente da Casa, que deferirá ou não. Mas como todos usam a Comunicação de Liderança, eu não pretendia usá-la hoje, porque eu pretendia entrar na Ordem do Dia, mas o Ver. Cassiá Carpes trouxe à tona um assunto que eu acho que é urgente e inadiável. A nossa Secretária do Governo, a Ver.ª Helena Bonumá, hoje escreve no Jornal do Comércio um editorial sob o título “Centenário da Guarda Municipal”, com o qual eu discordo, até porque, no entendimento deste Vereador, pelo ato n.º 17 de 1.º de fevereiro de 1893, o Intendente Alfredo Azevedo regulamentava a Guarda Municipal de Porto Alegre. No ano que vem, no dia 1.º de fevereiro, é que a Guarda vai fazer cento e dez anos e não neste mês.

Mas essa mesma Secretária, que deveria ter muita sensibilidade, parece não ter nenhuma, porque esta Casa vem insistindo, há muito tempo, para que as câmeras de vídeo sejam colocadas na área central para a segurança dos porto-alegrenses. O Ver. Adeli Sell estudou esse assunto exaustivamente – vejam que ele não é do meu Partido, é do Partido do Ver.ª Helena -, e a Prefeitura diz que não tem dinheiro para implantar o sistema. E o dinheiro que está aplicado em CDBs: 150 milhões de reais? Quanto custaria a colocação dessas câmeras no Centro da Cidade? Duzentos, 300 mil reais, não mais que isso. Eu até imaginava, porque foi tanto o trabalho do Ver. Adeli Sell, que essas câmeras estivessem compradas, porque diziam alguns que elas não poderiam ser utilizadas, porque invadiriam a privacidade da população. E aí eu lembro, com profunda tristeza que, quando eu era Secretário de Transportes, nós quisemos implantar em Porto Alegre um sistema de controle de tráfego, por intermédio do computador e da televisão, mas precisava de aprovação da Câmara Municipal a qual disse que o Executivo poderia querer usar o sistema de televisão para espionar os pedestres nas ruas da Cidade. Pelo amor de Deus, quem não tem culpa não está preocupado com a televisão! A câmera de televisão será colocada para impedir o bandido, e não para impedir o cidadão que está trabalhando e procura solução para os seus problemas e que, freqüentemente, é assaltado, violentado, machucado, porque a polícia não consegue, com meia dúzia de homens na área central, resolver o problema. O que nós vemos? Uma caixa de madeira sobre a qual se coloca um Policial Militar. Esse, sim, tem uma dedicação extraordinária, mas a Prefeitura poderia facilitar o trabalho desse Policial Militar, colocando um sistema de televisão na área central, e diz que custa caro. Mas quanto custa a vida de um cidadão? Quanto custa uma perna ou um braço quebrado? Enquanto isso, a Prefeitura coloca no sistema financeiro 140, 150 milhões de reais em CDBs, e não pode gastar 200 ou 300 mil reais para fazer a segurança dos porto-alegrenses. Acho que este é um assunto urgente e inadiável, por isso vim a esta tribuna. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR.PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente dos trabalhos, Paulo Brum, Vereadores, Vereadoras e amigos aqui presentes. O Ver. João Dib sempre fala que não precisamos de novas leis, mas, sim, que sejam cumpridas as leis que já estão aí para serem cumpridas. E existe uma Lei, do Ver. Adeli Sell, n.º 8.840, de 20 de dezembro, já aprovada na Casa, mas que não foi regulamentada pela Prefeitura e nem executada. E, recentemente, mais uma criança foi vítima de ataque de cão de grande porte na Cidade, lá no Parque dos Maias.

Seguidamente, estamos vendo nos parques da nossa Cidade cães sem a focinheira, seguros por seus donos, às vezes meninas ou senhoras franzinas, que não têm condições de segurar um Rotweiller, ou um desses cães fantásticos que existem por aí. E a Lei existe para ser cumprida, mas ela não foi regulamentada pela Prefeitura.

Um outro fato de que estou recebendo muita reclamação é que os parques de Porto Alegre recebem adultos e crianças nas suas horas de lazer. Mas recebem também animais que usam os parques infantis, aquelas partes de areia para as suas necessidades fisiológicas, e depois a criança fica em meio à urina e às fezes dos cães, pois seus donos usam esse espaço que contém areia para que seus animais façam as necessidades. Então, a providência a ser tomada é única e exclusivamente aquela: Projeto que foi aprovado aqui, que seja regulamentado e que seja executado.

Estou muito feliz, porque, primeiro, a lusinha acendeu lá em Brasília, por meio do novo Presidente, o Lula, dizendo que os restaurantes populares vão ser espalhados por todo o território nacional. Existe um ditado que diz que “nada se cria quase tudo se copia”, mais ou menos assim, e, quando eu apresentei aqui um Projeto, eu copiei, sim, da dona Rosinha, do Rio de Janeiro, um restaurante popular em Porto Alegre, que o PT não queria a sua aprovação e só aprovaria se eu dividisse com alguém deles, mas agora o Prefeito João Verle, fiquei sabendo hoje, está estendendo a mão para o bandejão, que é de uma entidade particular, para que o bandejão possa continuar. Com certeza, a puxada de orelha já veio lá de cima. Que os restaurantes populares realmente se proliferem por todo o País, porque é preciso dentro desse esquema da fome zero.

A arrecadação do carnaval é para quem faz o carnaval. Eu entendo assim. E nós temos hoje aqui a ser votado Projeto de autoria do meu amigo João Bosco Vaz, que destina a arrecadação da venda de ingressos e camarotes, bem como outras arrecadações provenientes do carnaval da Av. Augusto de Carvalho ou na futura Pista de Eventos de Porto Alegre para a Associação das Entidades Carnavalescas. Mas quando é que vai sair esta Pista de Eventos? Isso é um outro assunto que está empacado. É o segundo ano que estou como Vereador, no primeiro ano, estive ali após terminar o desfile e conversei com as pessoas do carnaval, conheço muitas delas, e diziam: “Não, no próximo ano, se Deus quiser...”. O “próximo ano” passou. Agora, já vem o outro carnaval e a Pista de Eventos é sonho, é uma utopia, não vai acontecer. Do jeito que fazem as coisas, não vai acontecer.

Agora, este Projeto do Ver. João Bosco Vaz, que vou votar a favor, deve ser aprovado por esta Casa, porque, se a Prefeitura - e diz bem o Ver. João Dib - tem dinheiro para aplicar em CDBs, ela não precisa desse dinheiro. E para quem conhece a vida interna de uma entidade carnavalesca, de uma escola de samba, e eu conheço - perdoem-me as outras escolas de samba, mas desfilei três, ou quatro vezes na Imperadores -, e sei como é que é o trabalho, a dificuldade que se tem para colocar uma entidade carnavalesca em uma avenida. Para quem vai ali assistir, o espetáculo é muito bonito. Agora, o que acontece nos bastidores, as dificuldades de material para a construção, a manutenção de uma escola de samba, de uma entidade carnavalesca, seja ela qual for, que nível seja, realmente é difícil. Esse dinheiro não vai fazer falta para a Prefeitura. Espero que todos vocês aprovem este Projeto do Ver. João Bosco Vaz para que possamos dar o mínimo para essa gente que faz o carnaval de Porto Alegre com tantas dificuldades, mas que é, indiscutivelmente, apesar de todas as dificuldades, uma das festas populares mais gostosas que temos em nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. Paulo Brum, que preside os trabalhos, demais Vereadores, Vereadoras, todos os que aqui se encontram, saudamos especialmente as lideranças das entidades carnavalescas, o Jorge Sodré, em nome de quem saudamos a todas as lideranças do Sindicato dos Comerciários, que acompanham os trabalhos, e os que acompanham pela TV Câmara. Queríamos, no dia de hoje, fazer uma saudação à abertura do VI Semana da Consciência Negra, que será iniciada hoje, às 17h, no Teatro Glênio Peres e também a 11.ª Semana da Consciência Negra, do Executivo, cuja abertura será amanhã, às 19h, no Mercado Público. E, por ocasião do início dessas atividades, que nós reputamos significativas do ponto de vista da sua referência, simbolismo, queremos registrar, em primeiro lugar, que foi sancionado, pelo Sr. Prefeito João Verle, a transformação do até então comumente conhecido Largo da EPATUR em logradouro público, que era o único passo que faltava para que pudéssemos colocar em votação nesta Casa a nova denominação para o Largo da EPATUR de Largo Zumbi dos Palmares, homenageando, pela primeira vez nesta Cidade, com um nome de um logradouro, esse grande herói não só do povo negro, mas herói do povo brasileiro, da luta pela liberdade. Pretendemos, na semana que vem, com o apoio dos Srs. Vereadores, superado esse problema, no dia 20, quando comemoraremos os trezentos e sete anos da morte de Zumbi, poder aprovar, nesta data tão simbólica, esta nova denominação do Largo da EPATUR.

Também no dia 21 de novembro, na próxima quinta-feira, estaremos fazendo a entrega do Prêmio Quilombo dos Palmares à Sociedade Satélite Prontidão, às 19h, que comemora, neste ano, cem anos da sua existência. Projeto este que tive a honra, junto com o Ver. Humberto Goulart e com a unanimidade desta Casa, sempre sensível a esta questão, de ver aprovado.

Em terceiro lugar, dizer – íamos no período da Pauta tratar da questão, mas cedemos para o Ver. Garcia, que nos solicitou – que demos entrada a um Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar, também de minha autoria, que dispõe sobre a preservação do Patrimônio Histórico Cultural de Origem Africana no Município de Porto Alegre. Este Projeto já tramita há mais de ano, houve uma série de contribuições, sugestões, criticas dos Srs. Vereadores e das Sr.ªs Vereadoras, e nós tivemos o cuidado de fazer um Substitutivo que contemplasse essas preocupações, aperfeiçoasse o Projeto, e, portanto, estamos agora levando essa discussão. Inclusive levamos o Substitutivo ao Fórum das Entidades, ao XI CECON e, na verdade, temos tido uma acolhida bastante favorável. A Procuradoria da Casa já se manifestou, também, favoravelmente, e nós esperamos conseguir aprová-lo ou este ano ou no próximo ano, pela profundidade do problema. Ele trata tanto do Patrimônio Histórico Cultural, considerando toda a manifestação, produção, obra de natureza material e imaterial dos afro-descendentes, formas de expressão e celebração, modos de criar, fazer e viver, obras, objetos, documentos, monumentos, conjuntos urbanos e assim por diante. As formas de preservação irão desde o tombamento, levantamento, inventário, catálogo, reparo, recuperação, conservação de áreas, incentivo à doação de documentos particulares, criação de mecanismos que impeçam a evasão do Município de Porto Alegre e assim por diante. Então, é uma forma que nós encontramos de, por intermédio do nosso trabalho parlamentar, homenagear e reconhecer a contribuição cultural e histórica da etnia negra na cidade de Porto Alegre e na sociedade gaúcha. Agradecemos a atenção de todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ (Requerimento): Após conversar com os companheiros Vereadores e com as companheiras Vereadoras, com as Lideranças, proponho a seguinte ordem de trabalho: PLL n.º 064/01; PLL n.º 142/01; PLE n.º 006/02; PR n.º 100/02; PLL n.º 157/02; PR n.º 078/02; PELO n.º 005/02.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. João Bosco Vaz. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Gostaria de apregoar Emenda de Liderança, da autoria do Ver. Fernando Záchia e Sebastião Melo, ao Proc. 1408/01 – PLL n.º 064/01: (Lê.) “Dá-se nova redação ao parágrafo único do art. 3.º, como segue: ‘a prestação de contas será feita à Secretaria Municipal de Cultura e à Comissão de Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, da Câmara Municipal de Porto Alegre, em até noventa dias após o encerramento do carnaval do ano seguinte ao do recebimento, e somente terão direito a novo recebimento aquelas entidades que tiveram aprovada sua prestação de contas’.”

Passo a presidência dos trabalhos ao Ver. Carlos Alberto Garcia. Essa é a ordem aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Ver. João Bosco Vaz, V. Ex.ª fez uma solicitação e nós temos de seguir a ordem, a não ser que algum Vereador apresente.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1408/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 064/01, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que destina a arrecadação da venda de ingressos e camarotes, bem como outras arrecadações provenientes do Carnaval na Av. Augusto de Carvalho ou na futura Pista de Eventos de Porto Alegre, para a Associação das Entidades Carnavalescas.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM, em 13-11-02;

- por resultar empatado, deixa de constar o Parecer da CCJ, nos termos do art. 54, § 1º, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em discussão o PLL n.º 064/01. O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, companheiros do Sindicato dos Comerciários, que nos acompanham, carnavalescos, presentes, das escolas de samba, da Associação, este é um Projeto que desde o ano passado está nesta Casa, porque convivendo com as escolas e vendo as dificuldades de cada uma delas, Ver.ª Clênia, acabei vendo que esse dinheiro da venda de camarote e de ingressos na pista é um dinheiro solto, um dinheiro que não faz parte do Orçamento e que, portanto, o Vereador desta Casa poderia destiná-lo a alguém. Na realidade, existe um Fundo de Cultura, que foi criado. Esse dinheiro é arrecadado, jogado no Fundo de Cultura e deveria retornar às escolas de samba, mas não é isso que vem acontecendo. Fiz um pedido de informações ao Sr. Prefeito, no ano passado, para saber o montante arrecadado no último carnaval, e o Sr. Prefeito respondeu que ficou em torno de 120 mil reais, um pouco mais, talvez. E a proposta é para que esse dinheiro seja repassado à Associação, que a Associação, através dos critérios que o Projeto prevê, divida este dinheiro, depois do carnaval, entre as escolas do primeiro grupo e demais entidades associadas.

Sabe-se que é muito pouco essa contribuição, Ver. Goulart, mas esse pouco vai ajudar muito as entidades após o carnaval. Sabemos dos gastos, dos investimentos com harmonia, com bateria, com carros alegóricos e com uma série de outros compromissos. Então, o dinheiro vai continuar saindo para o Fundo de Cultura, mas o Fundo de Cultura, em vez de dividir este dinheiro para gravar o “cedezinho” do cantor tal, para fazer a peça de teatro tal, que não somos contra... Mas, se esse dinheiro vem de produtos do carnaval, é correto que esta Casa vote favoravelmente no sentido de que esse dinheiro retorne ao carnaval. Se esse dinheiro fosse do Orçamento, como fazem parte os cachês, nenhum Vereador poderia propor esse assunto, mas esse é um dinheiro que está solto, não está no Orçamento, é uma receita proveniente do produto chamado carnaval, que, queiram ou não, é a maior manifestação de cultura popular que temos.

Muitas vezes fico pensando - e estão aqui os carnavalescos - que é uma vergonha o estado das nossas quadras de ensaio, porque as escolas sozinhas não podem fazer todas as melhorias que deveriam fazer, para receber o turista, o visitante. A Bambas da Orgia, por exemplo, fez um show com a Fundo de Quintal e tiveram de fechar a rua, tiveram de fazer na rua.

Penso que é o momento também de o Poder Público incentivar, colocar no Orçamento um dinheiro para que as quadras das escolas de samba recebam melhorias – fala-se muito em explorar o turismo, em incentivar o turismo –, para que esse dinheiro também possa contribuir para que vocês melhorem cada vez mais aquele local atrativo, aquele local de amizade, de solidariedade, de parceria e de “farinhada”, que é importante.

Então essa é a proposta do Projeto deste Vereador. Peço a compreensão dos companheiros. Este Projeto está na Pauta por solicitação do art. 81, de urgência, porque várias vezes tentei negociar, nesse período todo em que o Projeto está aqui, tentei avançar, e não consegui. Como o carnaval está chegando, o sambódromo não saiu, as escolas estão com dificuldades, eu acho que este é o momento de sensibilidade da Casa, inclusive dos companheiros e das companheiras do PT, que sei que freqüentam as quadras de escolas de samba, que vão aos camarotes assistir ao carnaval, muitos desfilam, muitos têm o seu reduto eleitoral nas escolas de samba. Então tenho a certeza de que os companheiros e as companheiras do PT, que gostam e defendem a cultura popular, não vão ser contrários a esse Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para discutir o PLL n.º 064/01.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, cumprimento todos os carnavalescos na figura do nosso querido presidente Jorge Sodré. Lembro-me de, quando estávamos mais perto das ações do carnaval, como faltava um dinheirinho, às vezes, até para a comida no barracão; faltava dinheiro para buscar um papel celofane, faltava um dinheirinho para se fazer tornar bela essa festa que, seguramente, depois da festa do Rio de Janeiro, é a mais esplendorosa na área da cultura popular em todo o Brasil - a maneira como se apresentam as escolas de samba com a harmonia que ali se desenvolve, com o sentimento que ali se desenvolve, porque foi forte a cultura negra aqui no nosso meio, foi muito forte no passado e ainda continua o atavismo acontecendo -, é melhor que em São Paulo, é melhor que em qualquer outro lugar. Vocês têm de ir mais a essas festas de carnaval para verem a importância desse momento sublime e lírico de um desfile de escola de samba. Mas, ao mesmo tempo, vocês tem de imaginar o que faz essa gente para que aquilo aconteça.

É lógico que eu procurei, na época, o Secretário Milton Zuanazzi e imaginei que podíamos ajudar a cultura do carnaval através de cachês extras, que talvez o Governo pudesse dar, apresentando as escolas na televisão do MERCOSUL, nos jornais e revistas do MERCOSUL. Sorteava, se não pudesse dar para todas, e contratava as escolas. É evidente que isso não pode acontecer. É conhecido o momento em que eu imaginei que o sambódromo, a Pista de Eventos pudesse acontecer, mas os entraves são enormes. Não vamos desistir, ainda vai ter de ser nesta Legislatura que iremos fazer o primeiro desfile na Pista de Eventos.

Agora, vem o Ver. João Bosco Vaz e faz um Projeto que eu gostaria de ter feito. Então, é um Projeto que eu poderia ter pensado e o Ver. João Bosco Vaz pensou antes. É um Projeto cristalino e límpido, porque ele não mexe com o Orçamento, não precisa tirar do Orçamento. Isso vai resultar do que for arrecadado na festa de carnaval, nos dias de desfiles do carnaval.

Portanto, eu imagino que inclusive os Vereadores da Bancada do Executivo vão ser sensíveis a isso e irão ajudar essa gente, da qual eu faço parte também. Como diz o Ver. João Bosco Vaz: “Não é muito, mas vai ser o suficiente para resolver pequenos problemas.” Grandes problemas temos de pensar mais ainda, e o próprio Executivo tem de aproveitar e ajudar a minha gente, a nossa gente da cultura popular através da ajuda ao carnaval.

Vamos votar todos para mostrar para a cultura dessa terra o quanto se valoriza isso na Câmara Municipal, com o voto de todos os meus queridos Vereadores nesse Projeto do Ver. João Bosco Vaz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para discutir o PLL n.º 064/01.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, como membro da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, quero dizer que naquela oportunidade fui muito crítico e questionei bastante os acontecimentos do carnaval que passou. Quero dizer também, como membro da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, que estivemos envolvidos e fui Relator, e encaminhamos ao Ministério Público os problemas do carnaval do Rio de Janeiro. Foi colocado um escritório na Usina do Gasômetro para dar condições – muitos, aqui, não conseguimos identificá-los – de vender passagens e fantasias para o carnaval do Rio de Janeiro.

Portanto, meus amigos das escolas de samba, estive questionando, e esse Projeto é, para mim, essencial no art. 3.º: “O gerenciamento e a distribuição dessa arrecadação serão feitos por uma comissão a ser composta pela Secretaria Municipal da Cultura - portanto, ela estará junto com a Associação das Entidades Carnavalescas - a ser regulamentada posteriormente.” Parágrafo único: “A prestação de contas será feita a essa comissão, pelas entidades carnavalescas até trinta dias após o encerramento do carnaval do ano seguinte ao do recebimento. E somente terão direito ao novo recebimento aquelas entidades que tiverem aprovadas as suas prestações de contas.”

Portanto, ao ceder a Usina do Gasômetro, cederam para que tirassem daqui um pedaço de vocês e levassem para o Rio de Janeiro, com toda a estrutura que vocês não têm. Até hoje não foi bem explicada essa situação, até porque, naquela oportunidade, havia funcionários de Vereadores compondo essa comissão na venda dos ingressos e das fantasias, cedido um andar na Usina do Gasômetro. Então, para lá tinha condições de prestar serviço, para cá esse Projeto vem, Ver. João Bosco Vaz, contemplar todas as equipes: uma fiscalização dos carnavalescos sobre a Secretaria da Cultura, para ver se ela está aplicando certo esse dinheiro, e, em contrapartida, a Secretaria da Cultura fiscalizando a ampliação do carnaval de Porto Alegre, o crescimento das escolas, a elaboração de planos para o futuro, a conservação de um carnaval rígido, permanente e fiscalizatório e, principalmente, o empreendimento que vocês irão fazer futuramente, pensando num carnaval de grande nível.

Portanto, quero dizer que a Bancada do PTB vai olhar com muito carinho, pois, Ver. João Bosco Vaz, nós entendemos que vem contemplar aquilo que a Casa quer, ou seja, a participação da Cultura, com a participação das entidades e a fiscalização geral desta Casa, da Cultura e das entidades, mas principalmente pelo crescimento do nosso carnaval, que se deve muito às escolas de samba, que têm que ser incentivadas para que nós possamos cobrá-las, fiscalizá-las e, conseqüentemente, ver o crescimento do nosso carnaval. Obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL n.º 064/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores e senhoras carnavalescos, este Projeto de iniciativa do Ver. João Bosco Vaz é extremamente bom, oportuno, justo, porque resgata para aqueles que são os atores da festa uma fonte que deveria ser melhor. Sabemos das dificuldades que as escolas de samba enfrentam para fazer o carnaval, mas é uma forma, Ver. João Bosco Vaz, de se estender algum recurso ao carnaval.

É bom que se diga, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que se aproveite a oportunidade para dizer que o carnaval mexe na economia, ele emprega, ele realiza receita pública, ele movimenta público, movimenta atividades auxiliares a atividades econômicas. Então, o carnaval, evidentemente, é uma festa popular do Brasil, do brasileiro, mas ele é um componente econômico importante, porque ele desencadeia todo um processo econômico gerador de emprego, de receita, sem falar, evidentemente, na alegria que ele faz, principalmente para nós brasileiros. Então, trata-se de um bom Projeto e, evidentemente, receberá da Casa a unanimidade.

Mas eu também quero aproveitar a oportunidade da presença de dirigentes de escolas, enfim, da Associação, para dizer que me oponho, e continuo me opondo radicalmente, à construção da Pista de Eventos lá na Zona Norte, no Porto Seco. Nada contra o Porto Seco, nada contra a Zona Norte. Agora, o carnaval, pelo que ele significa, pelo que ele representa – e nós temos recursos aqui, espaços onde a Cidade brilha –, nós temos um bom projeto na Carlos Alberto Roxo, envolvendo todas essas áreas aqui, junto ao Guaíba, onde poderia ser feita uma obra de arte para se fazer a grande passarela do carnaval, do desfile da Semana Farroupilha, do desfile da Semana da Pátria.

E vejam, vai-se colocar dinheiro lá no Porto Seco, e para lá não vão os tradicionalistas e nem o desfile da Semana da Pátria. É lamentável que isso aconteça. Eu continuo lutando, insistindo, vou continuar fazendo aqui as minhas manifestações, no sentido de que se revise o local e se faça aqui no Centro de Porto Alegre, porque é aqui que o carnaval merece fazer a sua grande apresentação, enfim, fazer seus grandes desfiles. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL n.º 064/01.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente em exercício dos trabalhos, Ver. Carlos Alberto Garcia, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, carnavalescos aqui presentes, é claro que os Vereadores que representam a sociedade aqui nesta Câmara Municipal, de todos os Partidos, procuram votar as matérias que por aqui tramitam de forma que toda a sociedade possa ser beneficiada com a aprovação ou com a rejeição das proposições. Mas esta matéria proposta pelo Ver. João Bosco Vaz, no meu modo de entender, é altamente meritória. Tão meritória como a proposta, que foi aprovada por esta Casa, para que o Município construísse uma Pista de Eventos.

Eu já comentava, há bastante tempo, que o Município sempre propunha para a Pista de Eventos áreas onde não se poderia construir. Propôs dentro do Parque da Harmonia, os ambientalistas protestaram; propôs-se perto do Beira-Rio, sabia-se que os moradores do bairro Menino Deus iam protestar. Então, sempre as propostas foram feitas em regiões onde o Município sabia que haveria algum protesto e, portanto, a pista não poderia sair. E sempre a culpa era jogada sobre esta Casa pela não-construção da Pista de Eventos. Veja só, Ver. Pedro Américo Leal, esta Casa resolveu, mesmo contra a vontade de alguns Vereadores, votar a Pista de Eventos, e foi a aprovada em uma região, inclusive com muitos Vereadores contrários, e o Ver. Elói Guimarães já ocupou a tribuna contrário a que a Pista de Eventos saia naquele local, mas eu penso que foi importante, Ver. Elói Guimarães, que nós pudéssemos definir. Entregamos ao Executivo um local onde dissemos: “Faça a Pista de Eventos; aí estão os recursos, aí está o local.” O que aconteceu? Um ano todo com os recursos à disposição do Executivo e nada, nenhuma pedra foi movida para que a Pista de Eventos fosse construída. Sinal de que realmente nós estávamos com a razão, o Executivo não queria construir absolutamente nada, ele não queria construir, não queria investir no carnaval. Ora, se o Executivo não quer investir no carnaval, o que resta aos carnavalescos? Resta aos carnavalescos aproveitar a própria arrecadação das suas apresentações, para que eles possam fazer desse evento, o carnaval, um grande evento, muito maior do que como ele é realizado hoje.

Acredito que, aprovada esta proposição, e não acredito que haja algum voto contrário, pois creio que todos os Vereadores votam favoravelmente, até porque nós não estamos dando dinheiro de ninguém para os carnavalescos; nós estamos oferecendo para os carnavalescos a oportunidade de aproveitarem os seus próprios recursos. E, quem sabe, com esses investimentos, o carnaval vá crescer tanto que o Município vai ganhar em matéria de turismo, em pessoas que vêm aqui, impostos que vão ser gerados, porque as pessoas que vêm aqui consomem e, em consumindo, vão gerar impostos e o Município também ganha.

O carnaval é um problema de visão de investimento da Administração. A Administração tem que saber que, se ela investir - e investir bem -, ela vai ter retorno desse investimento. O que não pode acontecer é essa visão tacanha de procurar enganar as pessoas, de procurar ludibriar as pessoas, de dizer para os carnavalescos que querem o melhor para eles; mas, na verdade, quando têm tudo a sua disposição para fazer os investimentos em prol do carnaval, aí, zera tudo, aí, não se fala mais.

Mas, pelo menos, uma coisa ficou muito boa: a Câmara não é mais acusada de estar impedindo que a Pista de Eventos saia. Assim como a Câmara não vai mais ser acusada de que os carnavalescos não vão poder usar os seus próprios recursos para a evolução dessa grande festa brasileira que é o carnaval. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PLL n.º 064/01.

 

O SR. ADELI SELL: A nossa saudação ao Ver. Paulo Brum, na Presidência dos trabalhos, neste momento, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, carnavalescos e carnavalescas que acompanham esta Sessão, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre, o Ver. João Bosco Vaz, preocupado com o tema que para nós é muito caro - a questão da cultura, do lazer, do entretenimento -, traz a preocupação de maiores recursos para as entidades carnavalescas. É, evidentemente, justa a sua preocupação. Toda a questão por que eu gostaria que as senhoras e os senhores pudessem acompanhar o nosso raciocínio é o problema orçamentário da Prefeitura de Porto Alegre. Nós estamos votando, neste momento, na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, o Orçamento da cidade de Porto Alegre para o ano que vem. E nós temos de votar este Orçamento até o dia 30 deste mês. Nós discutimos por várias vezes aqui e apelamos à sociedade, aos Vereadores, principalmente aos que fazem oposição ao Governo local, para que tentássemos resolver o problema da arrecadação. Nós temos uma arrecadação estagnada. É um tanto quanto contraditório, na medida em que nós temos aumentado os serviços e que a economia local tem crescido. No entanto, o Imposto Sobre Serviços tem ficado nos mesmos patamares nos últimos quatro anos. Nós nos perguntamos, pela responsabilidade que temos com o pagamento dos salários, pela responsabilidade que nós temos de pagar os cachês para as escolas de samba, pela responsabilidade que nós temos de montar uma infra-estrutura para o carnaval sair de Porto Alegre, e as senhoras e os senhores têm acompanhado nesta Casa, inclusive na Comissão Especial, da qual nós participamos ativamente, diferentemente de outros, que é necessária uma Pista de Eventos, e, para isso, é preciso investimento. De que adiantaria nós aprovarmos, por exemplo, a proposição desse dinheiro da bilheteria vir para as escolas, se nas nossas contas de somar e de diminuir chegássemos à conclusão de que não haverá o dinheiro suficiente, e baixarmos ou não conseguirmos pagar os cachês ou fazer a infra-estrutura necessária? Como fica a situação? Eu gostaria que pudéssemos dialogar sobre isso.

Nós estamos dialogando com o Ver. João Bosco Vaz, problematizando a questão, para que possamos, conjuntamente, chegar a uma conclusão, chegar a um bom termo; que nós possamos ter mais incentivo real, concreto, portanto, dinheiro investido para o nosso carnaval, para que mais e mais atividades se dêem na periferia da Cidade, que a descentralização seja cada vez mais palpável. Nós, inclusive, somos autores de uma Lei que abre as escolas do Município para atividades socioeducativas, culturais e de lazer, porque achamos que é preciso fazer com que o carnaval de Porto Alegre seja efetivamente o carnaval do MERCOSUL. Portanto, estamos trazendo a problematização dessas questões, em nome da nossa Bancada, com toda a sinceridade, com as preocupações do nosso Governo, com toda a sinceridade às senhoras e aos senhores para que possamos votar e decidir com tranqüilidade, mas também não prometendo aquilo que não se possa fazer. Esse também é o nosso papel, é um papel educativo; porque nós preferimos essa sinceridade do que enganar as pessoas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir o PLL n.º 064/01.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara, a Bancada do Partido dos Trabalhadores definiu não encaminhar, inclusive para propiciar a votação, mas então nós vamos usar o tempo da discussão para colocar a nossa posição de forma muito clara e tranqüila, inclusive como já colocamos para a Associação das Entidades Carnavalescas.

O carnaval é realizado ao custo de 2 milhões e 300 mil reais, 2 milhões e 300 mil reais de receita pública, dinheiro público. Dessa parte, dos 2 milhões e 300 mil reais, 930 mil ficam com a Associação das Entidades Carnavalescas para os cachês. É óbvio que o Executivo Municipal, ao investir 2 milhões e 300 mil, e 930 mil ficam com a Associação das Entidades Carnavalescas, toda a estrutura é paga com esses 2 milhões e 300 mil de receita pública, desde a estrutura, segurança, iluminação, fantasias, alimentação. Toda a estrutura é paga com o dinheiro - os 2 milhões e 300 mil reais. O saldo disso é uma receita que fica variando entre 80, 120 mil reais, mas geralmente não passa de 80 mil reais, ela é saldo e receita do dinheiro público, da receita pública. Se analisarmos do ponto de vista legal, não é possível destinar os 80 mil reais, 100 mil reais, ou 120 mil reais da receita, do investimento do dinheiro público para a Associação das Entidades Carnavalescas ou para qualquer outra entidade, nem o Tribunal de Contas do Estado permite isso, e não aceitará contas desse tipo.

Segundo, do ponto de vista do mérito, entendemos, e temos uma boa relação com a Associação de Entidades Carnavalescas, estamos lutando junto em vários aspectos, construímos vários convênios, temos uma ótima relação construtiva, temos uma diferença de avaliação nesse assunto, o que é normal. Só faltava não haver diferença nenhuma em lugar nenhum, mas nós temos aqui uma diferença real de avaliação do que se faz, de como são destinados os 80 mil reais da receita pública. A entidade entende que pode ficar com a Associação; nós entendemos que não pode, por dois motivos: primeiro, por uma questão legal, que é o Tribunal de Contas, o Ministério Público, todas as prestações, a Lei de Responsabilidade Fiscal e toda a parte legal, sobre a qual eu não quero entrar em detalhes; segundo, no mérito, porque, como esses 80 mil reais provêm como resultantes de um investimento público de receita pública - 2 milhões e 300 mil reais -, eles novamente têm de voltar para o público, para o orçamento público.

Assim como as entidades carnavalescas, como o nosso carnaval, as atividades culturais recebem um investimento, um incentivo na ordem de 2 milhões e 300 mil reais, é óbvio que, para outras atividades culturais. Uma receita de 80 mil reais que vai para um fundo, é uma receita irrisória perto do montante que deu início ao saldo, que são 2 milhões e 300 mil reais. Então, nada mais correto, do ponto de vista público, do que se faz com o dinheiro público investido, do que ele ir para um fundo, do qual se redirecione a várias atividades culturais, desde a gravação de CD até uma peça teatral. Assim como é incentivado o carnaval, são incentivadas também várias outras atividades culturais. Por isso, nós votamos contra o Projeto, por isso nós temos um entendimento diferente, e só por isso que nós temos uma avaliação diferente aqui; no resto, como outros Vereadores trataram de uma forma muito mais agressiva, não é a relação que nós temos estabelecida; é uma relação construtiva, de parceria.

A Pista de Eventos só está onde está depois de uma longa luta nossa; não é do Executivo nem da Associação, mas é da Câmara, da Associação, do Executivo, da população. Nós queríamos a Pista de Eventos no lugar mais central possível. É óbvio que o resultado Zona Norte é o resultado de um longo processo de debate e discussão, que teve a participação ativa e efetiva da Associação das Entidades Carnavalescas, assim como do Executivo e do Legislativo, de onde saiu a proposta via Ver. João Goulart, que era o Presidente da Comissão Especial. Isso é para ver-se como construímos uma solução conjunta.

Neste aspecto aqui, nós não temos acordo, não temos concordância, exatamente, porque ela provém de um investimento da receita pública, onde toda a atividade ao custo de 2 milhões e 300 mil reais é feita com investimento público. O resultante disso, ou seja, o saldo, que é a bilheteria, em torno de 80 e 100 mil reais, nós compreendemos que, do ponto de vista do mérito, ele tem de ir para o fundo para também ser redirecionado para outras atividades culturais, assim como também do ponto de vista legal o Tribunal de Contas do Estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal e também o Ministério Público não permitem que a verba resultante vá para a Associação de Entidades Carnavalescas. Então, nós temos uma diferença aqui, sobre a qual podemos sempre estar abertos a conversações, como sempre temos feito ao longo dos anos. Temos uma boa relação de parceria e de construção coletiva, queremos continuar com ela, mas, a este Projeto, nós votaremos contrários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLL n.º 064/01.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente dos trabalhos, Paulo Brum, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, especialmente os carnavalescos que nos honram com sua presença no nosso Plenário da Câmara. A iniciativa do nosso colega João Bosco Vaz busca, na verdade, melhorar um pouquinho as condições, diria hoje, difíceis das escolas de samba, porque carnaval é amor, é garra, é cultura, mas também carnaval precisa de recursos, nós sabemos disso. Hoje, esse dinheiro arrecadado, segundo informações da própria Associação, gira em torno de 120 mil reais/ano com recolhimento dos ingressos aos camarotes. Ele vai para o FUNCULTURA, da Secretaria Municipal de Cultura. Aliás, diga-se de passagem - eu sou Presidente da Comissão de Finanças, Orçamento e do MERCOSUL -, no Orçamento deste ano, foram reduzidos em 16% os investimentos na área da cultura em Porto Alegre, o que é muito ruim para a Cidade. O que este Projeto busca, na verdade, é que o dinheiro, Presidente, que hoje vai para o FUNCULTURA, passe para as entidades carnavalescas, conseqüentemente estendido para as escolas, que somam vinte e uma, divididas em categorias, e mais três tribos. Ora, eu estive folheando o Projeto, falei com o nosso querido Ver. João Bosco e apresentei uma Emenda, que eu quero já sustentar, porque não vou encaminhar a matéria, Ver. João Bosco, e gostaria do seu raciocínio coletivo. V. Ex.ª diz lá que a prestação de contas seria feita à própria Comissão Organizadora. Eu fiz uma Emenda dizendo que a prestação de contas tem que ser feita à Secretaria Municipal. Por quê? O dinheiro vem da Associação e não pode quem arrecada prestar conta para si mesmo. Quem arrecada deve prestar conta à alguém. Então, eu estou dizendo que a prestação de contas deve ser feita ao Poder Público. Mas, estou dizendo também, Ver. Bosco, que essa prestação de contas deve ser feita à CEFOR - Comissão de Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, porque isso qualifica a relação da Câmara com as entidades carnavalescas, o que é muito importante para a Cidade. Vamos poder discutir ali a prestação de contas e, evidentemente, a cada ano, avaliar outras questões mais. Então, colocamos uma Emenda com o objetivo de qualificar o Projeto, porque achamos que ele é bom. Mas também queremos dizer aos colegas Vereadores que essa questão do encaminhamento... E acho que a Prefeitura, com quatorze anos de gestão nunca quis enfrentar a questão da Pista de Eventos da maneira como, na nossa avaliação, deveria ser enfrentada. Quando é Pista de Eventos, eu tenho de pensar em multiacontecimentos: o show sertanejo, o show da Daniela Mercury, o jogo de tênis, chegando ao carnaval. Evidente que o carnaval tem todo um destaque especial e acho que a Prefeitura está transferindo para a Zona Norte o carnaval, mas não está construindo uma alternativa de Pista de Eventos para a Cidade. Essa alternativa nunca foi apresentada na profundidade com que deveria, porque sempre feriu a legislação ambiental, apresentando apenas um local, quando tinha que apresentar três, e assim por diante. Isso foi acontecendo ao longo do tempo. Mas nós respeitamos, Ver. Pedro Américo, porque é competência do Executivo, e o Executivo apresentou. Não ouvi nada das entidades carnavalescas, pelo menos não foi procurado por ninguém para dizer se é contra ou a favor. Então, suponho que houve a concordância dessas entidades. Então, achamos que deve ser encaminhado. Achamos que o projeto do Ver. João Bosco é bom, nós vamos votar favoravelmente a ele, porque achamos que ele contempla uma discussão feita com maturidade, com tranqüilidade.

Também é importante dizer que esse dinheiro não é o dinheiro do Orçamento. Por favor, não venham dizer aqui o que não é verdadeiro. Isso é dinheiro arrecadado sem passar pelo Orçamento, como tantas outras arrecadações - EPTC, que arrecada tanto, outros eventos na Cidade. Não é de Orçamento, portanto é perfeitamente factível caminharmos nessa direção para o enfrentamento desta matéria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Encerrada a discussão. Em votação nominal o PLL n.º 064/01. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 19 votos SIM, 7 votos NÃO.

Em votação a Emenda n.º 01 aposta ao PLL n.º 064/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, contra os votos da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0356/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 006/02, que altera a redação do art. 3º da Lei 8.686, de 27 de dezembro de 2000, que autoriza a alienação da passagem 07 do Loteamento Chácara Santos Neto aos lindeiros e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela aprovação do Projeto;

- da  CEFOR. Relator Ver. João Antonio Dib: pela aprovação do Projeto;

- da  CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 28-8-02.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em discussão o Projeto Lei do Executivo n.º 006/02.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Eu quero registrar, por deferência ao seu pedido - estou consultando o Ver. Ervino -, uma inversão: o Projeto que deve ir à discussão neste momento é o de minha autoria em co-autoria com o Ver. Ervino, então nós estamos concedendo, fruto de uma discussão, que não haverá encaminhamento, é uma votação, que votemos depois da segunda matéria.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Perfeito.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Questão de Ordem): Peço esclarecimento à Mesa, porque não entendi nada. O Projeto está em discussão? Vai o Projeto do Executivo primeiro?

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Isso.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Primeiro é o do Executivo?

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Isso, logo após vem o do Ver. Sebastião Melo.

Em discussão o PLE n.º 006/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2254/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 142/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que institui linha especial de serviço de lotação para atendimento ao Bairro Belém Novo. Com Substitutivo nº 01.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Substitutivo nº 01;

- da CEFOR. Relator Ver. Ervino Besson: pela rejeição do Projeto e aprovação do Substitutivo nº 01.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM, em 20-03-02;

- por resultar empatado, deixa de constar o Parecer da CCJ, ao Projeto, nos termos do art. 54, § 1º, do Regimento da CMPA;

- discutiram a matéria, em 07-11-02, os Vereadores J.Pinheiro, S.Melo, J.A.Dib, C.Pestana e Z.Valdir.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em discussão o PLL n.º 142/01, com Substitutivo n.º 01. O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, também as pessoas que nos assistem pela TV Câmara, eu quero saudar todos. Lamento que o Ver. Zé Valdir não esteja aqui no Plenário neste momento. O último Vereador que discutiu esse Projeto na última Sessão, na semana passada, foi o Ver. Zé Valdir, só que o Vereador esqueceu tudo. O Ver. Zé Valdir esqueceu que é Vereador desta Casa, que foi eleito legitimamente pelo povo e que há mais trinta e dois Vereadores e Vereadoras que também, Ver. Elói Guimarães, foram eleitos legitimamente pelo povo da cidade de Porto Alegre. Por que digo isso? Porque o discurso do Ver. Zé Valdir é de uma forma, eu entendi, até ofensiva a este Vereador e ao Ver. Sebastião Melo, porque este Projeto não surgiu num sonho deste Vereador e do Ver. Sebastião Melo, e muito menos de uma conversa de botequim tomando “umas e outras” é que surgiu a idéia deste Projeto, mas foi uma reivindicação de vários anos da comunidade de Belém Novo e de uma parte da Zona Sul de Porto Alegre. O Ver. José Valdir usou alguns termos, como, por exemplo: invasão grotesca de Poderes; desmonte de Poderes; irresponsabilidade dos Vereadores que entram com um Projeto desses. Isso foi o que o Ver. José Valdir colocou desta tribuna. Como eu disse, o Vereador esqueceu que fomos eleitos pelo povo, e temos que atender às reivindicações da nossa comunidade. Como eu já disse: é uma luta daquela comunidade.

Discute-se tanto para que as pessoas deixem seus automóveis nas suas casas e ocupem os ônibus e aqueles que queiram um conforto um pouco maior utilizem os táxis-lotação. O Ver. José Valdir entendeu totalmente o contrário. Se a comunidade apela para os órgãos competentes e não é atendida, a quem a comunidade tem que procurar? Os seus legítimos representantes nesta Casa, que somos nós Vereadores. Lastimo, mais uma vez, que o Ver. José Valdir não esteja presente no Plenário. Como eu disse, o Ver. José Valdir esqueceu tudo. Esqueceu que em 1990, quando houve a intervenção no transporte coletivo, se fosse feito tudo dentro da lei - Ver. Elói Guimarães, V. Ex.ª foi Secretário dos Transportes -, a Prefeitura não teria perdido em todas as instâncias.

O que é que queremos neste Plenário? Queremos que essa situação venha aqui para ser discutida. É uma reivindicação da comunidade. Se é ilegal, se é invasão de Poderes, enfim, todas aquelas colocações do Ver. Zé Valdir, é outra história. Nós estamos aqui discutindo o Orçamento. O André está aqui discutindo com os Vereadores que entraram com diversas Emendas, aquelas que são legais ou ilegais... É uma democracia com ampla discussão para que nós possamos nesta Casa votar aquilo que a comunidade espera dos seus legítimos representantes, que somos nós.

Portanto, daqui a poucos minutos nós vamos votar este Projeto e aguardamos que esta Casa vote favoravelmente. Agora, se é ilegal, se não é, se é invasão de Poderes, isso aí é outra história. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Apregoamos Requerimento para que seja incluído na Ordem do Dia, por força do art. 81, o PLL n.º 115/01. Também apregoamos o Veto Total ao PLL n.º 057/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLL n.º 142/01, com Substitutivo n.º 01, por cessão de tempo do Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, Ver. Ervino Besson, lamentavelmente, nós não vamos votar o Projeto, hoje, de novo. Este Vereador tem sido flexível, porque pela quarta vez eu tenho tentado colocar este Projeto como primeiro na Ordem do Dia e sempre aparece alguém e pede que eu ceda, porque há um Projeto mais importante. Eu tenho sido flexível a essa questão e mais uma vez nós não vamos votar o Projeto. Já quero avisar aqui que a partir de amanhã eu vou defender o Requerimento para que esse Projeto seja colocado em qualquer votação. Posso perder todos os requerimentos, mas vou sustentar todos eles aqui, porque não acho correto que os colegas Vereadores aprovem os seus Projetos e depois saiam das suas Bancadas e não discutam os Projetos dos outros Vereadores. Isso não vale para todas as Bancadas, isso acontece parcialmente, mas isso não está correto do ponto de vista político. Isso não é acordo, isso é rendição ou qualquer outra coisa.

Quanto ao mérito do Projeto, o Ver. Zé Valdir, que lamentavelmente não está aqui, hoje, portanto, vou reservar, porque gosto do debate olho no olho, franco, mas ele colocou algumas questões que têm que ser resgatadas. Primeiro, ele disse que esse Projeto vai trazer despesa para o Executivo. Então, eu acho que o Ver. José Valdir cometeu, não vou dizer uma besteira, um equívoco, porque conceder uma linha não vai aumentar nenhuma despesa para o Executivo. O fulcro da questão... Ver. Elói, V. Ex.ª que foi um bom Secretário de Transportes Municipal, e que representa tanto a comunidade, sabe o seguinte: há uma demanda reprimida de várias comunidades que querem esse transporte seletivo. Então, esse deve ser, Vereador, o nosso foco. Se é Projeto de Lei ou não, eu tentei dialogar com o Governo, aliás, esse Secretário, não sei se ele fica em Porto Alegre, porque a gente nunca consegue falar com ele, o Secretário de Transportes, eu não sei, parece que ele é sediado na Ipiranga, mas a gente nunca consegue acessá-lo, a gente nunca consegue falar com ele sobre nenhum assunto.

Quero aqui fazer um elogio: por exemplo, o Secretário Vieira, do Planejamento, Ver. Juarez, é um Secretário que responde sempre positivo ou negativo, isso dá para ser, essa audiência dá para fazer, diferentemente de alguns Secretários do Município, e muito pontualmente do Dr. Luiz Carlos Bertotto.

Então, se é Projeto de Lei, se não é Projeto, vamos criar uma Comissão na Câmara, trazer a ATL, vamos trazer a ATP, vamos trazer o Executivo, não há problema nenhum, Vereador, este Projeto tem o fito de promover esta discussão política, Ver. Cassiá, porque várias localidades querem ter a oportunidade de ter uma opção. Tem alguém que quer andar de ônibus, há outros que querem andar de carro, e existem outros que querem andar de lotação. A comunidade de Belém Novo não está pedindo favor ao Poder Público; ela está querendo ter uma opção a mais, então, eu não estou radicalizando, de dizer... Eu sei, eu sou contra, eu até não entrei com um Projeto autorizando, porque eu sou contra Projeto Autorizativo, eu estou dizendo que coloquem a linha, porque eu acho que Projeto Autorizativo não leva a coisa nenhuma. Agora, a verdade é que nós precisamos encontrar uma solução, Ver. Juarez, e nós todos temos responsabilidade nisso, e eu me considero também responsável por esta questão.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Sebastião Melo, sob o ponto de vista da legalidade, acho que, neste caso, realmente, é um segundo plano, eu já me referi sobre isso. Agora, V. Ex.ª disse que quer promover o debate, acho que é importante, mas V. Ex.ª sequer deixou que esse Projeto, que mereceria um debate, passasse pela CUTHAB, porque ele só passou pela Comissão de Justiça e assim mesmo está sem Parecer. Então, se V. Ex.ª quer, realmente, e eu acho que quer, promover esse debate, e eu sei que aquela região quer esse debate, me procuraram também, por que V. Ex. ª não promoveu no âmbito da CUTHAB? V. Ex.ª sabe que os Projetos tributários exigem todas as informações, e, sendo este Projeto de tamanha relevância, não promoveu, em nenhuma Comissão, uma discussão. Pergunto a V. Ex.ª, porque acho que há uma contradição nessa sua intervenção, no sentido de que quer a discussão, mas, na verdade, não possibilita. Não estou retirando com isso o mérito, e nem quero, pois não é intenção minha e nem poderia retirar o mérito da discussão que provoca. Mas quem quer discussão, faz. V. Ex.ª não quis discussão.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Ver. Juarez, eu lhe respondo da seguinte forma: eu procurei por várias vezes o Secretário de Transportes, Sr. Luiz Bertotto, que nunca quis discutir a matéria. Aliás, marcamos várias reuniões, tentamos agendar, acertar a agenda dele e nunca foi possível. Olha, se, por extensão, o Executivo não quis discutir, e a CUTHAB vem sendo dirigida por Vereadores do Governo... Digo mais, acho que esta Comissão da Casa não deveria ficar na mão do Governo, pois nunca a vi, quando o PT está na oposição, trabalhar bem essa questão das ocupações. Agora que está no Governo, eu não vejo nenhuma discussão sobre essas questões de ocupações e sobre outras questões importantes da Cidade. Da nossa parte, estamos sempre abertos ao diálogo. Agora, quem não quis o diálogo foi o Executivo. Queremos resolver? Queremos resolver. Mas vamos suspender a votação e vamos marcar uma reunião com o Secretário do Transportes? Vamos marcar. Não tem problema algum, eu peço adiamento de votação. O que não quero é uma coisa: enrolação! Chega de enrolar. Acho que o Poder Público tem de ter um pouco mais de sensibilidade. Acho que as instâncias da sociedade civil merecem o nosso respeito, o nosso carinho. E o Orçamento Participativo? A Câmara de Vereadores é uma instância e deve ser considerada como tal e deve se impor como tal. Discussão dessa envergadura tem a ver, sim, pois a população não bate, às vezes, lá na Secretaria, mas ela vem no gabinete. O Vereador está no bairro e está ouvindo o clamor da população. Portanto, acho que o Projeto é justo, bom, deve ser discutido e deve ser encontrada uma solução.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir o PLL n.º 142/01, com Substitutivo n.º 01.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente dos trabalhos Ver. Paulo Brum, este Projeto tem dois aspectos. O primeiro está a olhos vistos. Se todas as linhas de lotação, de ônibus, seja qual for o transporte público, fossem criadas por iniciativa de Vereador - se só dependesse disso para que o transporte público funcionasse -, a partir de amanhã, teríamos, além do lotação de hoje, mais trinta e duas lotações, porque é só cada Vereador escolher o seu bairro preferido, descobrir que ele não tem lotação, apresentar o Projeto e ele passa a ter um lotação. Não é assim! Fica óbvio que isso tem de ter planejamento, projeto, estrutura, por isso ele é de iniciativa do Executivo. Os Vereadores que aqui estão propondo este Projeto são Vereadores experientes, sabem que não dá para ser assim; se não o que me impede de apresentar dois Projetos criando linha de ônibus, linha de lotação, ponto de táxi? Aí fica fácil.

Sobre a questão Belém Novo, por demanda da população, está sendo ampliada a frota; a partir do dia 1.º de janeiro circularão dezesseis novos ônibus Belém Novo/Centro, com ar-condicionado, semidiretos: pára numa parada, pula outra e assim sucessivamente. O semidireto, Ver. Besson, diminui o horário do ônibus de uma hora e quinze minutos, o tempo que leva para chegar aqui ao Centro, para cinqüenta minutos; é uma redução de vinte e cinco minutos. Esses dezesseis novos ônibus foram demandados pela população; isso foi profundamente discutido pela população com o Executivo, com a EPTC, com a Carris. Eles têm uma outra estrutura. São ônibus maiores, exatamente para que as pessoas possam, além de ter mais opção de ônibus, ter mais conforto e mais rapidez na sua chegada. Mas não é simplesmente chegar e dizer que agora vão ter dezesseis ônibus lá. Tem de ter um projeto de viabilidade, saber qual a demanda da população, senão pode-se colocar tanto ônibus a mais quanto a menos. De repente, a população precisa de dez ônibus e a gente chuta um número aqui e põe cinco; não vai adiantar nada. Assim como se a população precisasse de dez e nós colocássemos vinte, estaríamos desperdiçando dinheiro público. Então, a relação com este Projeto e com essas propostas é simples e clara. Tem de ser uma iniciativa do Executivo, a partir do momento que exige projeto, que exige discussão, que exige estudo. Isso já foi feito para Belém Novo; são dezesseis novos ônibus, como eu já disse.

Já a questão de lotações, não é só Belém Novo que precisa de lotação, vários bairros de Porto Alegre, pela sua ampliação, pela sua qualificação, por uma série de outros elementos, precisam de lotação, Ver. Pedro Américo Leal. Para isso há estudos envolvendo a questão de lotação para toda Porto Alegre. Em alguns lugares é preciso criar uma linha de lotação, em outros lugares é necessário ampliar o roteiro do lotação e não precisa criar-se uma nova linha, porque isso também envolve licitação, isso é concessão de serviço público. Então é um debate que tem de ser feito também via Executivo, exatamente porque envolve tudo isso. Envolve licitação, envolve concessão de serviço público, envolve estudo de viabilidade, porque cada lotação novo, que não tem demanda para ele, cada linha de lotação nova, que não tem demanda, ela incide sobre o preço da tarifa do transporte público. Isso é sabido por todos. Então, teremos uma incidência sobre as tarifas de ônibus, por exemplo, ou de lotação, por conta de duas ou três linhas que têm prejuízo. Por isso precisamos fazer um estudo aprofundado no que envolve a relação com novas linhas, tanto de ônibus quanto de lotação e temos de verificar, inclusive, se é preciso uma nova linha ou se é preciso apenas estender a rota de uma das linhas já existentes, como já aconteceu. Aí não é preciso licitação. É preciso definir com a EPTC e com a ATL, por exemplo, quais são as novas rotas de alguns lotações e ver se isso aí não vai incidir sobre o preço, se vai ter demanda para esse serviço.

É simplesmente isso, tratar esse assunto da forma que merece ser tratado e da forma que a população espera que tratemos, que é um cuidado, de que esse é um Projeto de iniciativa do Executivo, que ele precisa de projeto, de estudo, de viabilidade, para não custar caro à população de Porto Alegre.

Belém Novo já está sendo beneficiada por dezesseis novos ônibus, mas está aberto o debate sobre lotação Belém Novo, que já há um estudo não só para Belém Novo, mas para toda a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, por cessão de tempo da Ver.ª Maria Celeste, para discutir o PLL n.º 142/01, com Substitutivo n.º 01.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. O Ver. Sebastião Melo traz a colocação de uma iniciativa que, do ponto de vista material, encontra respaldo no anseio da comunidade, e nós aqui, Ver. Sebastião Melo, em todas as intervenções que fizemos, inclusive o próprio Ver. Zé Valdir, que injustamente foi atacado numa intervenção anterior, nós nunca dissemos aqui que isso era uma elucubração, ao contrário, os trinta e três Vereadores sabem que a população daquela região há muito tempo vem requerendo esse tipo de transporte coletivo, mas de característica especial.

Agora, o discurso do Ver. Sebastião Melo traz inúmeras contradições. A primeira delas: o Vereador, que é tão cioso sobre projetos do Poder Executivo, no sentido de que eles estejam instrumentalizados com todos os estudos, com todos os informes, sendo um Vereador que gosta de um bom debate, da boa luta, que ele repete de forma continuada, dia após dia, nas nossas Sessões, numa matéria tão importante para a comunidade, não permitiu o debate e sempre diz aqui que gosta de um bom debate. Esse seria, Ver. João Dib, V. Ex.ª que já foi Secretário dos Transportes, um bom debate que o nosso colega Ver. Sebastião Melo não permitiu que ocorresse, ou seja, a contradição do Ver. Sebastião Melo aqui – se ele quiser, eu vou conceder-lhe um aparte – é de que o Poder Executivo não dialoga sobre matéria que, realmente, como disse no início da minha intervenção, Vereador, é do interesse daquela comunidade, com a qual eu também tenho relação. Mas o Vereador furta, aqui, aos seus colegas, a possibilidade - segundo ele o Executivo não discute - de discutirem aqui na Câmara de Vereadores, porque puxa o Projeto diretamente da Comissão de Constituição e Justiça sem passar pela Comissão Permanente, Vereador, que tem a função precípua de tratar dessas questões, que é a CUTHAB.

Eu quero, então, pegar essa contradição e permitir o aparte ao meu colega.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Primeiro, muito obrigado pelo aparte, Vereador, e eu lhe devolvo da seguinte forma: primeiro, se o Executivo quiser dialogar, que faça isso claramente e vou pedir para adiar a votação para nós discutirmos a matéria, se essa é a vontade do Executivo. Então, não vamos ficar na operação oba, oba!

Segundo, eu pedi o art. 81 como muitos Vereadores pedem. Aliás, pedi até muito embasado naquilo que faz o Executivo, que, na maioria dos projetos aqui, V. Ex.ªs pedem o art. 81. Então estou seguindo o que o Governo faz.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Sebastião Melo, todos nós, em algum momento, já pedimos o art. 81 e isso não tem nenhuma ilegalidade e não violenta nem a Lei Orgânica, nem o Regimento. Agora, o Vereador argumenta que o Executivo não dialoga, mas o Vereador não possibilita o diálogo no Poder Legislativo. Há, então, uma grande contradição.

Ver. Dib, V. Ex.ª que já foi Secretário dos Transportes, eu quero citar uma questão de ordem técnica que poderia demonstrar como seria importante uma grande discussão. Todas as linhas desse transporte especial, que é de grande qualidade e muitos de nós o utilizamos, são linhas curtas. Nós fizemos, agora, uma experiência no Parque dos Maias, por exemplo, e em uma outra região da Cidade, com linhas mais longas. O que temos que verificar, nessas linhas mais longas, é se há uma rotatividade de passageiros, ou os passageiros apanham essa condução, que é de grande qualidade, no fim da linha do ônibus, do lotação, no Centro da Cidade, e vão até aquela região - e não há uma oscilação de descidas mais rápidas e novos passageiros -, e aí o transporte adquire um preço muito caro e o preço é, depois, repassado a outras pessoas, munícipes que utilizam também aquele transporte.

Portanto, um Vereador iniciar uma matéria dessa, afora ser absolutamente inconstitucional, porque está claro que quem pode dar uma concessão é o Poder concedente, que, no caso, é o Poder Executivo, por meio da Secretaria dos Transportes. Quanto a isso, trazer a matéria à colação desta Casa, está certo, vá lá, mas, vedar nesta Casa que a população possa participar, inclusive, chamando o Poder Executivo, que ele alega que se furta de fazer a discussão, é uma imensa contradição e mostra, na verdade, que afora ser, realmente, uma aspiração da comunidade da Zona Sul, o Ver. Sebastião Melo não quis discutir nesta Casa, não possibilitou a discussão. E aí, Vereador, mesmo que seja legítima a questão que traz aqui à colação, o seu discurso é contraditório e ele perde um pouco aí a sua substância, afora ser inconstitucional e ilegal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrada a discussão. Em votação o PLL n.º 142/01, com Substitutivo n.º 01. (Pausa.)

O Ver. Sebastião Melo solicita verificação de quórum. (Pausa.) Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h43min.)

 

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